Duas tendências inquietam bastante os trabalhadores em todo o mundo nos dias de hoje – a crescente probabilidade de uma quebra do sistema financeiro global e o crescente perigo de uma guerra. As mídias mainstream (as grandes mídias formadoras de opinião – NR) traçam duas linhas distintas separando ambos os temas e pendem constantemente entre aliviar a importância de uma notícia ou disseminar o pânico através de outras. Com isso elas não apenas contribuem para a confusão, mas também tiram o foco principalmente do fato mais importante: que existe uma direta relação entre a grave crise do sistema financeiro e a visível preparação para guerra.
As tensões globais aumentaram consideravelmente nos últimos anos, cresceu o número de áreas em crise e focos de conflitos bélicos, os gastos em armamentos foram incrementados por todo o mundo. (As estatísticas oficiais nos passam frequentemente uma falsa imagem, pois a falsificação dos balanços e a privatização também chegou na esfera militar. Onde antigamente lutavam soldados de um exército nacional regular, temos hoje frequentemente a ação de empresas de mercenários, que não aparecem em nenhum orçamento de defesa do mundo).
Grandes fabricantes de armamentos e ativos senhores da guerra do mundo são, como de costume, os EUA, cuja política militar – além da permanente interferência no Oriente Médio – se orienta estrategicamente contra o número dois e três nas despesas militares do planeta: China e Rússia. Mas o que leva os EUA a colocar na mira de seus planos militares justamente estes dois países? Vamos lançar um olhar no recente desenvolvimento econômico e o significado que isso tem para os três países entre si.
Após a quebra de 2007/2008, a indústria financeira norte-americana obrigou o governo em Washington a salvar suas maiores instituições com dinheiro do contribuinte para assim estabilizar o Sistema. A seguir eles até conseguiram ainda realizar lucro sobre a situação resultante, à medida que se aproveitaram das inúmeras diminuições da taxa de juros e da impressão de dinheiro para um suposto incentivo à economia real (“quantitative easing”), promovidas pelo Banco Central norte-americano – o Federal Reserve.
O resultado: a dívida interna dos EUA atingiu entrementes o patamar dos 18 trilhões de dólares (mais de 57.000 dólares por habitante), apareceram imensas bolhas no setor imobiliário, nas bolsas e principalmente nos títulos públicos. E justo neste último aspecto mostra-se a extensão da perda de controle pelo Sistema: em grande estilo são comprados títulos públicos a juros negativos, que tornam-se rentáveis quando são revendidos. Pressuposto aqui é que os juros não aumentem e dinheiro fresco seja despejado no mercado – são mecanismos que invariavelmente levam à quebra.
Naturalmente tal desenvolvimento das coisas não passam desapercebidas dos especialistas financeiros em Pequim e Moscou, e lhes motivou a se prepararem para o dia X. A China, que a pouco tempo atrás era a maior detentora de títulos norte-americanos, cedeu esta posição ao Japão, reduzindo seu volume de títulos do tesouro dos EUA de 2 trilhões de dólares para os atuais 1,2 trilhões. Por outro lado ela comprou enormes quantidades de ouro que no caso da quebra do dólar, poderia servir para lastrear sua moeda.
Também a Rússia comprou no passado grandes quantidades de ouro e fechou com a China em maio de 2014, a maior transação internacional no setor energético fora da esfera do dólar. Além disso fundou juntamente com os outros quatro países do BRICS, em julho de 2014, um fundo monetário como contrapartida para o FMI. Até então, este é o mais importante passo para preparação frente ao fim do dólar e deve marcar a fundação oficial do Banco Asiático para Infraestrutura e Investimento (AIIB).
A relevância política deste acontecimento ultrapassa a largos passos sua significância econômica. Além da Alemanha, França e Itália, também estreitos parceiros como a Grã-Bretanha e Austrália foram em direção ao AIIB, mesmo contra a expressa oposição dos EUA. Isso mostra como desmorona rapidamente a aliança ocidental – desde a Segunda Guerra Mundial, um dos principais pilares de sustentação da politica mundial. A imediata oferta do FMI em inserir o Yuan juntamente com o Dólar, Euro, Yen e o Franco suíço, no cesto de moedas com posição especial (uma espécie de “moeda-lastro” do FMI, e que foi recusado anos a fio), mostra claramente que os EUA também reconheceram o sinal dos tempos e reagem diante da alteração da estrutura do poder.
Mas essas medidas vêm muito tarde. A substituição do Dólar por algum direito especial concedido ao FMI, sugerida por especialistas norte-americanos, não poderá se estabelecer, pois o poder do FMI também se apoia na aceitação irrestrita no Dólar e este caminha inquestionavelmente para seu fim. Todavia, o que resta a um país quando sua economia real está desmoronando, sua economia caminha para a bancarrota e o fim de sua moeda e quando seus aliados políticos desaparecem um depois do outro…?
A história nos fornece a resposta: o país fará uso de seu ponto forte e tentará utilizá-la para sua salvação. No caso dos EUA, isso quer dizer: Washington fará uso de seu poderio militar e tentará colocar sob controle seus mais importantes concorrentes no mercado mundial, para abrir ao setor financeiro norte-americano inúmeras outras possibilidades que até então estavam fechadas. Entre estes concorrentes estão em primeiro lugar a Rússia e a China, com suas infinitas reservas naturais e energéticas, bilhões em mão de obra barata e um gigantesco mercado consumidor.
O objetivo concreto em ambos os casos é uma troca de governo, isto é, colocar um governo manobrado pelos EUA que abrirá todo o país para o capital financeiro norte-americano – como acontece exatamente agora na Ucrânia. Justamente para este objetivo serve a estratégia dos EUA “Pivot to Asia” voltada contra a CHINA, através da repetitiva campanha rotulando a Coréia do Norte como uma ameaça nuclear para o mundo ocidental, assim como a demonização de Wladimir Putin e a política ofensiva dos EUA e da OTAN contra seu governo na Ucrânia e nos países bálticos.
Mesmo alcançando-se este objetivo, não seria possível evitar por muito tempo a quebra final do Sistema-Dólar. Poderia fornecer uma sobrevida de alguns anos e saciar momentaneamente a fome de Wall Street. Um precedente histórico é o fim da União Soviética, que ao final da década de 1980 permitiu ao cambaleante sistema financeiro global se recuperar parcialmente através do saque exploratório dos países do GUS e do Bloco Oriental.
Caso o Crash do sistema financeiro aconteça subitamente e surpreenda mundo afora os atores políticos e militares, cresceria ao extremo o perigo por causa do caos reinante. Neste caso de nada mais serviria uma guerra para mudar o governo e apenas teríamos a confirmação das palavras do economista Ernst Winkler, de 1952:
“A guerra é a mais generosa e efetiva ‘crise de limpeza para remoção do excesso de investimentos’ que já existiu. Ela abre gigantescas possibilidades para novos investimentos de capital e providencia o consumo básico e desgaste das reservas acumuladas de mercadorias e capital, muito mais imediata e profunda do que em períodos normais de depressão com uma forte ajuda externa. Então… a guerra é o melhor meio para adiar mais uma vez a catástrofe final de todo o sistema econômico capitalista.”
É um crime histórico o fato das mídias mainstream cooperarem para encobrir estas correlações e fazem de tudo para desviar a opinião pública com desinformações pontuais contra os futuros inimigos na guerra. Por outro lado não surpreende, pois afinal de contas a mídia, a política e os militares têm algo em comum: todos eles servem ao mesmo senhor – uma minoria ultra rica que domina o atual sistema global, que almejaria lucro em uma guerra e por isso não tem o mínimo interesse em alertar a humanidade diante do perigoso desenvolvimento sobre nosso planeta.
Ernst Wolff
Artigo publicado pela primeira vez em nosso Portal a 18/04/2015.
voice.net, 17/04/2015.
E tudo isto sem contar que as guerras são altamente lucrativas por si só. Ninguém promove e implementa uma guerra sem pedir dinheiro emprestado a muitos Shyloks. Os juros decorrentes, indubitavelmente, serão investidos na indústria armamentista pelos mesmos fariseus, que poderão produzir para si armamentos a um custo mais baixo – com descontas.
Submarinos de Israel com armas nucleares.
Abaixo uma pequena amostra do que se esconde por de trás das cortinas chinesas:
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1032
E quem está por trás da economia Russa e da Chinesa? Será que são russos e chineses de verdade?!
Abraços