Dentre as milhares de notas diplomáticas das embaixadas norte-americanas divulgadas pela Wikileaks, destaca-se a suspeita do embaixador dos EUA em Tel-Aviv por uma eventual omissão do governo de Israel frente ao crime organizado. Diante do histórico do país, esta dúvida não é cabível…
Wikileaks e suas revelações
Em uma nota de 15 de maio de 2009 originária da embaixada norte-americana em Tel-Aviv e dirigida ao Ministério do Exterior e outras repartições públicas dos EUA, incluindo o FBI, postos de fronteiras e alfandegários, além do Ministério da Segurança Interna, aparece o comentário sobre a incapacidade da polícia e justiça israelense em combater o crime organizado (CO). A embaixada escreveu que eles não obtêm sucesso em suas tentativas de impedir a entrada de criminosos nos EUA.
A nota em questão pode ser lida no site da Wikileaks sob a referência 09TELAVIV1098 – NR.
Na notícia intitulada “Israel, um paraíso para o crime organizado?”, o então embaixador norte-americano James Cunningham escreveu
“que o crime organizado tem há muito tempo suas raízes em Israel, mas nos últimos anos existe um aumento no lucrativo comércio com drogas e prostituição.”
Ainda no texto podemos ler:
“A polícia nacional israelense e a justiça estão engajados em uma enérgica campanha contra os líderes do CO, incluindo um novo departamento especializado no crime organizado, mas eles são incapazes de resolver o problema como um todo. O CO em Israel tem uma abrangência mundial, com repercussão direta sobre os EUA.”
O autor da notícia mostra um grande conhecimento sobre o crime organizado israelense, possivelmente com ajuda de agentes do FBI estacionados na embaixada dos EUA em Tel-Aviv. Na notícia é colocada a pergunta sobre quão enraizado está o crime organizado na vida política em Israel . Fato é que diversos políticos, ministros, parlamentares e até um chefe de governo foram acusador de atuações criminosas.
Da mesma forma foi acusado o ex-ministro das finanças Avraham Hirschson devido a perjúrio, abuso de poder, suborno e lavagem de dinheiro. Ou o ex-presidente Ehud Olmert por corrupção. Ou o atual ministro do exterior Avigdor Liberman, nascido e crescido na União Soviética, por suborno, estelionato e obstrução da justiça.
Ministro do Exterior de Israel, Avigdor Liberman, é investigado por suborno, lavagem de dinheiro e corrupção
Em 2004, o ex-ministro Gonen Segev foi preso por tráfico de drogas. A eleição de Inbal Gavrieli do Likud para o Knesset, em 2003, gerou forte preocupação sobre o grau de influência do crime organizado no partido. Gravieli é filha de um provável chefe mafioso e ela aproveitou de sua imunidade parlamentar em 2006 para bloquear a investigação dos negociatas de seu pai: jogos ilegais e sonegação fiscal.
A notícia trata da possibilidade do crime organizado israelense ampliar sua influência nos EUA, por isso deve se evitar que as diferentes famílias da Kosher Nostra e seus membros recebem visto de entrada nos EUA.
“Devido ao aumento considerável do crime organizado israelense e seus métodos mortíferos de atuação, o impedimento das viagens de criminosos conhecidos para os EUA se constitui um caso de grande preocupação”, escreveu Cunningham.
A maioria das famílias de criminosos tem suas raízes em seus países de origem, especialmente o que concerne os oligarcas judeu-russos e suas organizações criminosas. Isso torna-se evidente na nota da embaixada: segundo informações da polícia, os oligarcas russos teriam lavado cerca de 10 bilhões de Dólares através de Holdings israelenses.
Com estas informações divulgadas agora pela Wikileak fica confirmado aquilo que muitos suspeitavam há muito tempo, não é a Máfia italiana que lidera o crime organizado internacional, como Hollywood nos demonstra constantemente. E a resposta à pergunta no título da nota da embaixada pode se respondida com “sim”.
Alles Schall und Rauch, 02/12/2010.
Artigo publicado pela primeira vez em nosso Portal a 06/12/2010.