Perdas civis e militares alemãs durante e especialmente depois da Segunda Guerra estão ainda envoltas por um véu de silêncio, ao menos na mídia em massa, embora haja um amplo corpo de literatura acadêmica sobre este tópico. As razões para este silêncio, devido em grande parte à negligência acadêmica, estão profundamente enraizadas e merecem uma maior investigação especializada.
A Destruição dos Alemães Étnicos e dos Prisioneiros de Guerra Alemães na Iugoslávia, 1945-1953
Por Tomislav Sunic
Da mídia americana e européia, pode-se ter a impressão que a Segunda Guerra Mundial precisa ser periodicamente ressuscitada para dar credibilidade às demandas financeiras de um específico grupo étnico, à custo de outros. As mortes dos civis do lado perdedor da guerra são, em grande parte, encobertas. Historiografia padrão da Segunda Guerra é rotineiramente baseada sobre uma distinção nítida e polêmica entre os “feios” fascistas que perderam, e os “bons” anti-fascistas que venceram, e poucos estudiosos estão dispostos a examinar na cinzenta ambigüidade entre elas. Mesmo como os eventos daquela guerra se tornando mais distantes no tempo, eles aparentemente se tornam mais politicamente úteis e oportunos como mitos.
Perdas civis e militares alemãs durante e especialmente depois da Segunda Guerra estão ainda envoltas por um véu de silêncio, ao menos na mídia em massa, embora haja um amplo corpo de literatura acadêmica sobre este tópico. As razões para este silêncio, devido em grande parte à negligência acadêmica, estão profundamente enraizadas e merecem uma maior investigação especializada. Por que, por exemplo, as perdas civis alemão são, e particularmente o vacilante número de baixas entre alemães étnicos no pós-guerra, tratadas com tanta superficialidade, se são, nos cursos de história em escolas? A mídia em massa – televisão, jornais, filmes e revistas – raramente, ou nunca, olha para o destino dos milhões de civis alemães na Europa central e oriental durante e após a Segunda Guerra. [1]
O tratamento dos civis alemães étnicos – ou Volksdeutsche – na Iugoslávia pode ser considerado como um caso clássico de “limpeza étnica” em grande escala. [2] Um olhar mais próximo nessas matanças em massa apresenta uma miríade de problemas legais e históricos, especificamente quando considerando a moderna lei internacional, incluindo o Tribunal de Crimes de Guerra de Haia que tem lidado com os crimes de guerra e crimes contra a humanidade nas guerras dos Bálcãs de 1991-1995. Ainda que a apuração dos alemães étnicos na Iugoslávia durante e após a Segunda Guerra não devesse ser de menor preocupação para os historiadores, não menos porque um entendimento deste capítulo da história joga uma significante luz sobre a violenta dissolução da Iugoslávia comunista 45 anos mais tarde. Uma melhor compreensão do destino dos alemães étnicos da Iugoslávia deveria encorajar o ceticismo de o quão justa e honesta a lei internacional é aplicada em prática. Por que os sofrimentos e vitimização de algumas nações ou grupos étnicos são ignorados, enquanto os sofrimentos de outras nações e grupos recebem atenção complacente e bajuladora da mídia e políticos?
No estourar da Segunda Guerra em 1939, mais de uma milhão e meio de alemães étnicos estavam vivendo no sudeste da Europa, isto é, na Iugoslávia, Hungria e Romênia. Por causa de que eles viviam em principalmente próximo e ao longo do rio Danúbio, essas pessoas eram popularmente conhecidas como “Suábios do Danúbio” ou Donauschwaben. Muitos eram descendentes de colonos que vieram para esta fértil região no século 17 e 18 seguindo a liberação da Hungria do domínio turco.
Por séculos, o Sacro Império Romano e o Império dos Habsburgos lutaram contra o domínio turco nos Bálcãs e resistiram à “islamização” da Europa. Neste esforço, os Alemães do Danúbio eram vistos como um baluarte da civilização ocidental, e eram tidos em alta estima no império Austríaco (e mais tarde, Austro-Húngaro) por sua produtividade agrícola e proeza militar. Ambos o Sacro Império Romano e o Habsburgo eram entidades multiculturais e multinacionais, na qual diversos grupos étnicos viveram em relativa harmonia por séculos. Após o fim da Primeira Guerra Mundia, em 1918, que trouxe o colapso do império Habsburgo Austro-Húngaro, e a imposição do Tratado de Versalhes de 1919, o status jurídico dos alemães Donauschwaben estava em mudança. Quando o regime Nacional-Socialista foi estabelecido na Alemanha em 1933, os Donauschwaben estavam entre os mais de 20 milhões de alemães étnicos que viviam na Europa central e oriental fora das fronteiras do Reich alemão. Muitas dessas pessoas foram trazidas para o Reich com a incorporação da Áustria em 1938, da região dos Sudetos (Sudetenland) da Checoslováquia em 1939, e de porções da Polônia mais tarde em 1939. A “questão alemã”, que é, o esforço pela auto-determinação dos alemãs étnicos fora das fronteiras do Reich alemão, foi um grande fator que levou à explosão da Segunda Guerra. Mesmo depois de 1939, mais de três milhões de alemães étnicos permaneceram fora das fronteiras do expandido Reich, notavelmente na Romênia, Iugoslávia, Hungria e União Soviética.
Mais um certificado de competência democrática.
Na primeira Iugoslávia – um estado monárquico criado em 1919 amplamente como um resultado dos esforços dos vitoriosos poderes Aliados – a maior parte dos alemães étnicos do país estavam concentrados no leste da Croácia e norte da Sérvia (notavelmente na região Vojvodina), com algumas cidades alemãs e vilas na Eslovênia. Outros alemães étnicos viviam na Romênia ocidental e sudeste da Hungria.
O primeiro estado Iugoslavo multiétnico de 1919-1941 tinha uma população de cerca de 14 milhões de pessoas de diversas culturas e religiões. Na véspera da Segunda Guerra, ele incluía aproximadamente seis milhões de sérvios, cerca de três milhões de croatas, mais de um milhão de eslovenos, uns dois milhões de bósnios mulçumanos e albaneses étnicos, aproximadamente meio milhão de alemães étnicos, e outro meio milhão de húngaros étnicos. Seguindo a dissolução da Iugoslávia em abril de 1941, acelerada por um rápido avanço militar alemão, aproximadamente 200.000 alemães étnicos se tornaram cidadãos do estabelecido novo Estado Independente da Croácia, um país com autoridade civil e militar permanecendo leal aliado com a Alemanha do Terceiro Reich até a semana final da guerra na Europa. [3] Muitos dos alemães étnicos restantes da antiga Iugoslávia – aproximadamente 300.000 na região Vojvodina – ficaram sobre jurisdição da Hungria, que durante a guerra incorporou a região. (Após 1945 esta região foi reanexada à porção sérvia da Iugoslávia.)
A situação dos alemães étnicos se tornou terrível durante os meses finais da guerra, e especialmente após a fundação da segunda Iugoslávia, um estado comunista multiétnico liderado pelo marechal Josip Broz Tito. No final de outubro de 1944, forças de guerrilha de Tito, ajudadas pelo avanço soviético e ricamente assistidas por suprimentos ocidentais que chegavam por via aérea, tomaram controle de Belgrado, a capital sérvia que também servia como a capital da Iugoslávia. Um dos primeiros atos do novo regime foi o decreto de 21 de novembro de 1944, sobre “a decisão a respeito da transferência da propriedade dos inimigos em propriedade do estado.” Ela declarava cidadãos de origem alemã como “inimigos do povo”, e os despojava de direitos civis. O decreto também ordenava a confiscação governamental de toda propriedade, sem compensação, dos alemães étnicos da Iugoslávia. [4] Uma lei adicional, promulgada em Belgrado em 6 de fevereiro de 1945, cancelava a cidadania iugoslava dos alemães étnicos do país. [5]
Ao final de 1944 – quando forcas comunistas haviam tomado controle dos Bálcãs orientais, isto é, da Bulgária, Sérvia e Macedônia – o estado da Croácia, aliado alemão, ainda se mantinha firme. Entretanto, no início de 1945, tropas alemãs, junto com tropas croatas e civis, começaram a recuar em direção ao sul da Áustria. Durante os meses finais da guerra, a maioria dos civis alemães étnicos da Iugoslávia também se juntou a esta grande viagem. Os temores de tortura e morte dos refugiados nas mãos de comunistas eram bem fundados, dado o horrível tratamento das forças soviéticas aos alemães e outros na Prússia Oriental e outras partes da Europa oriental. Pelo fim da guerra em maio de 1945, autoridades alemãs tinham evacuado 220.000 alemães étnicos da Iugoslávia e Áustria, Ainda assim, muitos permaneciam em suas terras ancestrais devastadas pela guerra, como que esperando um milagre.
Após o fim da luta na Europa em 8 de maio de 1945, mais de 200.000 alemães étnicos que haviam permanecido para trás na Iugoslávia efetivamente se tornaram cativos do novo regime comunista. Cerca de 63.365 alemães étnicos da Iugoslávia (mulheres, homens e crianças) pereceram sob o domínio comunista entre 1945 e 1950 – isto é, algo em torno de 18 por cento da população civil étnica alemã ainda permanecia na nova Iugoslávia. Muitos morreram de resultado de exaustão como trabalhadores escravos, em “limpezas étnicas”, ou de doenças e má nutrição. [6] Muito do crédito pelo amplamente louvado “milagre econômico” da Iugoslávia Titoísta, deveria ser observado, deveria ir para as dezenas de milhares de trabalhadores escravos alemães que, durante o fim dos anos 40, ajudaram a construir o empobrecido país.
As propriedades dos alemães étnicos confiscadas na Iugoslávia no resultado da Segunda Guerra somam 97.490 pequenas empresas, fábricas, lojas, fazendas e negócios diversos. Os bens reais e terras confiscadas deles chegam a 637.939 hectares (ou cerca de um milhão de acres), e tornaram-se propriedade do estado. De acordo com um cálculo de 1982, o valor das propriedades confiscadas dos alemães étnicos na Iugoslávia ascendia a 15 bilhões de marcos alemães, ou em torno de sete bilhões de dólares americanos. Levando em conta a inflação, isto corresponderia hoje a doze bilhões de dólares. De 1948 a 1985, mais de 87.000 alemães étnicos que ainda residiam na Iugoslávia moveram-se para a Alemanha e automaticamente se tornaram cidadãos alemães. [7]
Tudo isto constitui uma “solução final da questão alemã” na Iugoslávia.
Numerosos sobreviventes deram relatos gráficos e detalhados do cruel destino dos civis alemães étnicos, particularmente mulheres e crianças, que foram mantidos cativos na Iugoslávia comunista. Uma testemunha notável é o falecido padre Wendelin Gruber, que serviu como um líder espiritual e capelão de muitos companheiros cativos. [8] Estes inúmeros relatos de sobreviventes sobre a tortura e morte infligida aos civis e soldados alemães capturados por autoridades iugoslavas acrescentam à crônica da opressão comunista mundial. [9]
Dos um milhão e meio de alemães étnicos que vivam na bacia do Danúbio em 1939-1941, cerca de 93.000 serviu durante a 2º Guerra nas forças armadas da Hungria, Croácia e Romênia – países do eixo que foram aliados da Alemanha – ou nas forças armadas regulares alemãs. Os alemães étnicos que serviram nas formações militares daqueles países permaneceram cidadãos daqueles respectivos estados. [10]
Em acréscimo, muitos alemães étnicos da região do Danúbio serviram na divisão “Príncipe Eugênio” (Prinz Eugen) da Waffen SS, que totalizou algo de 10.000 homens através de sua existência durante a guerra. (Esta formação foi nomeada em honra do Príncipe Eugênio de Sabóia, que ganhou grande vitórias contra as forças turcas no final do século 17 e início do 18.) [11] Alistar-se na divisão “Prinz Eugen” conferia automaticamente cidadania alemã ao recruta.
Dos 26.000 alemães étnicos do Danúbios que servindo em várias formações militares perderam suas vidas, metade pereceu após o fim da guerra em campos na Iugoslávia. Particularmente altas foram as perdas da divisão “Prinz Eugen”, muitos deles se renderam após 8 de maio de 1945. Cerca de 1.700 desses prisioneiros foram postos na vila de Brezice, próximo da fronteira Croata-Eslovena, enquanto que a metade restante trabalhou até a morte nas minas de zinco da Iugoslávia próxima a cidade de Bor, na Sérvia. [12]
Em adição à “limpeza étnica” dos civis e soldados alemães do Danúbio, algo de 70.000 alemães que serviram em forças regulares da Wehrmacht pereceu em cativeiro na Iugoslávia. A maioria deles morreu como resultado de represálias, ou como trabalhadores escravos em minas, construção de estradas, estaleiros, e assim por diante. Estes eram em grande parte tropas do “Exército Grupo E” que se renderam as autoridades britânicas no sul da Áustria na hora do armistício de 8 de maio de 1945. Autoridades britânicas entregaram cerca de 150.000 desses prisioneiros de guerra alemães aos partisans iugoslavos sobre o pretexto de repatriação posterior à Alemanha.
A maioria dessas tropas regulares da Wehrmacht pereceu no pós-guerra na Iugoslávia em três estágios: Durante o primeiro estágio mais de 7.000 tropas alemãs capturadas morreram nas “marchas de expiação” (Suhnemärsche) organizadas pelos comunistas. Elas se alongavam por 800 milhas da fronteira sul da Áustria até a borda norte da Grécia. Durante a segunda fase, no final do verão de 1945, muitos soldados alemães em cativeiro foram sumariamente executados ou jogados vivos em grandes poços cársicos (N.T.: terreno acidentado que se estende do norte da Itália até o sudoeste da Eslovênia e o noroeste da Croácia) ao longo da costa dalmaciana da Croácia. No terceiro estágio, 1945-1955, um adicional de 50.000 pereceu como trabalhadores escravos devido à má nutrição e exaustão. [13]
O número total de perdas alemãs em cativeiro iugoslavo após o fim da guerra – incluindo civis e soldados “alemães étnicos do Danúbio”, tanto quanto alemães do Reich – pode por esse motivo ser conservativamente estimado em 120.000 assassinados, mortos por inanição ou desaparecidos.
Qual a importância desses números? Que lições podem ser tiradas em avaliar estas perdas alemãs do pós-guerra?
É importante frisar que apuração dos civis alemãs nos Bálcãs é somente uma pequena porção da topografia de morte dos aliados. De sete a oito milhões de alemães – ambos pessoal militar e civis – morreram durante e após a segunda guerra mundial. Metade destes pereceram durante os meses finais da guerra, ou após a rendição incondicional da Alemanha em 8 de maio de 1945. As baixas alemãs, ambos civis e militares, foram indiscutivelmente maiores na “paz” do que em “guerra”.
Nos meses antes e após o fim da guerra, alemães étnicos foram assassinados, torturados e desapossados através de toda a Europa central e oriental, notavelmente na Silésia, Prússia Oriental, Pomerânia, os Sudetos, e na região de “Watherland”. Ao todo, 12-15 milhões de alemães fugiram ou foram expulsos de suas casas no que é talvez a maior “limpeza étnica” da história. Deste número, mais de dois milhões foram assassinados ou perderam suas vidas de outra forma. [14]
Apesar desta limpeza étnica ser conhecida e cada vez mais comentada entre historiadores competentes e honestos, a mídia não dá o devido destaque. Ao contrário daquele outro episódio onde supostamente teriam perecido menos da metade de seres humanos, a tragédia vivida pelos alemães destas regiões citadas acima não consegue seu devido destaque e respeito por parte do inimigo comum – NR.
Os cruéis eventos na Iugoslávia pós-guerra são raramente tratados na mídia dos países que emergiram sobre as ruínas da Iugoslávia comunista, ainda que, notavelmente, haja hoje maior liberdade de expressão e pesquisa histórica lá que em países da Europa ocidental como Alemanha e França. As elites da Croácia, Sérvia e Bósnia, amplamente constituídas de antigos comunistas, parecem compartilhar um interesse comum em reprimir seu passado criminoso e sombrio com respeito ao tratamento dos civis alemães no pós-guerra.
Panorama oficial da expulsão da população alemã durante e após a guerra.
A dissolução da Iugoslávia em 1990-91, os eventos que a conduziram, e a guerra e as atrocidades que se seguiram, podem ser apenas compreendidos dentro de um amplo quadro histórico. Como já notado, “limpeza étnica” não é nada novo. Mesmo se referindo ao antigo líder sérvio-iugoslavo Slobodan Milosevic e a outros réus julgados pelo Tribunal Internacional de Crimes de Guerra em Haia como criminosos perversos, seus crimes são triviais se comparados com aqueles do fundador da Iugoslávia comunista, Josip Broz Tito. Tito levou adiante a “limpeza étnica” e matanças em massa em um escala muito maior contra croatas, alemães e sérvios, e com a sanção dos governos americanos e britânicos. Seu domínio na Iugoslávia (1945-1980), que coincidiu com a era da “guerra fria”, era geralmente apoiado pelos poderes ocidentais, que se referiam ao seu regime como um fator de estabilidade nesta sempre instável região da Europa. [15]
A apuração dos alemães dos Bálcãs durante e pós a guerra também provê lições sobre o destino de estados multiétnicos e multiculturais. O destino das duas Iugoslávias – 1919-1941 e 1944-1991 – ressalta a fraqueza inerente dos estados multiétnicos. Duas vezes no século 20, a Iugoslávia multicultural desmoronou em meio a uma carnificina desnecessária e uma espiral de ódio entre seus grupos étnicos constituintes. Pode-se argumentar desta forma que, seria melhor para diversas nações e culturas que deixassem as diferentes raças sozinhas, para viverem separadas, dentro de suas fronteiras e assim deixando para trás ressentimentos duradouros, do que pretender que vivam em uma simulada unidade que esconde animosidades esperando por explodir.
Poucos poderiam prever o selvagem ódio inter-étnico e as matanças que varreram os Bálcãs após o colapso da Iugoslávia em 1991, e isto entre povos de origens antropológicas relativamente similares, não obstante de fundos culturais diferentes. Pode-se apenas especular com pressentimento sobre o future dos Estados Unidos e a Europa ocidental, onde crescentes tensões inter-raciais entre populações nativas e massas de imigrantes do terceiro mundo pressagiam catástrofes com conseqüências muito mais sangrentas.
A Iugoslávia multicultural, em ambas sua primeira e segunda encarnações, era acima de tudo a criação de, respectivamente, os líderes da França, Inglaterra e América que manufaturaram o estabelecimento de Versalhes em 1919, e o de líderes da Inglaterra, União Soviética e América que se reuniram em Yalta e Potsdam em 1945. As figuras políticas que criaram a Iugoslávia não representavam as nações da região, e entendiam pouco de auto-percepções ou afinidades étnico-culturais dos vários povos da região.
Apesar das mortes, sofrimento e desapropriação dos alemães étnicos dos Bálcãs durante e depois da Segunda Guerra Mundial ser bem documentadas por ambos, autoridades alemãs e estudiosos independentes, elas continuam a ser amplamente ignoradas na grande mídia dos Estados Unidos e Europa. Por quê? Poder-se-ia especular que se aquelas perdas alemãs forem mais largamente discutidas e melhor conhecidas, elas estimulariam uma perspectiva alternativa sobre a Segunda Guerra, e mesmo a história do século 20. Uma consciência maior e mais generalizada das perdas civis alemãs durante e após a guerra poderia bem encorajar uma discussão mais profunda das dinâmicas das sociedades contemporâneas. Isto, por sua vez, poderia significantemente afetar a auto-percepção de milhões de pessoas, forçando muitos a descartar idéias e mitos que têm prevalecido na moda por mais de meio século. Um debate aberto sobre as causas e conseqüências da Segunda Guerra mancharia as reputações de muitos estudiosos e formadores de opinião nos Estados Unidos e Europa. Indiscutivelmente, uma maior consciência dos sofrimentos dos civis alemães durante e após a Segunda Guerra, e as implicações disso, poderiam fundamentalmente mudar as políticas dos Estados Unidos e outros grandes poderes.
Fonte: http://www.ihr.org/other/sunic062002.html
Tradução livre e adaptação por Viktor Weiß
Notas:
[1] Mads Ole Balling, Von Reval bis Bukarest (Copenhagen: Hermann-Niermann-Stiftung, 1991), vol. I and vol. II.
[2] L. Barwich, F. Binder, M. Eisele, F. Hoffmann, F. Kühbauch, E. Lung, V. Oberkersch, J. Pertschi, H. Rakusch, M. Reinsprecht, I. Senz, H. Sonnleitner, G. Tscherny, R. Vetter, G. Wildmann, and oth¬ers, Weissbuch der Deutschen aus Jugoslawien: Erlebnisberichte 1944-48 (Munich: Universitäts Verlag, Donauschwäbische Kulturstif¬tung, 1992, 1993), vol. I, vol. II.
[3] Sobre as forces armadas da Croácia durante a Segunda Guerra e sua destruição após 1945 pelos comunistas iugoslávos veja: Christophe Dol¬beau, Les Forces armées croates, 1941-1945 (Lyon [BP 5005, 69245 Lyon cedex 05, France]: 2002). Sobre a sempre atitude crítica de oficiais militares e diplomatas alemães sobre o Ustasha regime aliado do Estado Independente da Croácia (“NDH”) veja Klaus Schmider, Partisanenkrieg in Jugo¬slawien 1941-1944 (Hamburg: Verlag E.S. Mittler & Sohn, 2002). Este livro inclui uma impressionante bibliografia e cita documentos alemães até agora inéditos. Infelizmente, o autor não provê dados precisos como o número de tropas alemãs (incluindo tropas e civis croatas) que se renderam às forças britânicas no sul da Áustria, e que foram subseqüentemente entregues às autoridades comunistas iugoslavas. O número de croatas cativos que pereceram após 1945 na Iugoslávia comunista permanece um tópico carregado de emoção na Croácia, com importantes implicações para a política doméstica e externa do país.
[4] Anton Scherer, Manfred Straka, Kratka povijest podunavskih Nijemaca/ Abriss zur Geschichte der Donauschwaben (Graz: Leopold Stocker Verlag/ Zagreb: Pan Liber, 1999), esp. p. 131; Georg Wild¬mann, and others, Genocide of the Ethnic Germans in Yugoslavia 1944-1948 (Santa Ana, Calif.: Danube Swabian Association of the USA, 2001), p. 31.
[5] A. Scherer, M. Straka, Kratka povijest podunavskih Nijemaca/ Abriss zur Geschichte der Donauschwaben (1999), pp. 132-140.
[6] Georg Wildmann, and others, Verbrechen an den Deutschen in Jugo¬slawien, 1944-48 (Munich: Donauschwäbische Kulturstiftung, 1998), esp. pp. 312-313. Baseado nele está o trabalho em lingual inglesa: Georg Wildmann, and others, Genocide of the Ethnic Germans in Yugoslavia 1944-1948 ( Santa Ana, Calif.: Danube Swabian Association of the USA, 2001).
[7] G. Wildmann, and others, Verbrechen an den Deutschen in Jugo¬slawien, 1944-48, esp. p. 274.
[8] Wendelin Gruber, In the Claws of the Red Dragon: Ten Years Under Tito s Heel (Toronto: St. Michaelswerk, 1988). Traduzido do alemão por Frank Schmidt. Em 1993 o doente Padre Gruber retornou à Croácia do exílio no Paraguai, para passer seus anos finais em um monastério Jesuíta em Zagreb. Eu falei com ele brevemente antes de sua morte em 14 de agosto de 2002, na idade de 89 anos.
[9] Stéphane Courtois, and others, The Black Book of Communism: Crimes, Terror, Repression (Cambridge: Harvard Univ. Press, 1999).
[10] G. Wildmann, and others, Verbrechen an den Deutschen in Jugo¬slawien (cited above), p. 22.
[11] Armin Preuss, Prinz Eugen: Der edle Ritter (Berlin: Grundlagen Verlag, 1996).
[12] Otto Kumm, Geschichte der 7. SS-Freiwilligen Gebirgs-Division “Prinz Eugen” (Coburg: Nation Europa, 1995).
[13] Roland Kaltenegger, Titos Kriegsgefangene: Folterlager, Hun¬germärsche und Schauprozesse ( Graz : Leopold Stocker Verlag, 2001).
[14] Alfred-Maurice de Zayas, Nemesis at Potsdam: The Expulsion of the Germans From the East. (Lincoln: Univ. of Nebraska, 1989 [3rd rev. ed.]); Alfred-Maurice de Zayas, The German Expellees: Victims in War and Peace (New York: St. Martin’s Press, 1993); Alfred-Maurice de Zayas, A Terrible Revenge: The “Ethnic Cleansing” of the East European Germans, 1944-1950 (New York: St. Martin’s Press, 1994); Ralph F. Keeling, Gruesome Harvest: The Allies’ Postwar War Against the German People (Institute for Historical Review, 1992).
[15] Tomislav Sunic, Titoism and Dissidence: Studies in the History and Dissolution of Communist Yugoslavia (Frankfurt, New York: Peter Lang, 1995)
Tomislav Sunic detêm um douturado em ciência política da universidade da Califónia, Santa Bárbara. Ele é um autor, tradutor e antigo professor de ciência política nos EUA. Tom Sunic atualmente vive com sua família na Croácia. Uma entrevista com ele, “Reexamining Assumptions,” apareceu no Journal of Historic Review de março-abril de 2002 (http://www.ihr.org/jhr/v21/v21n2p15_sunic.html). Seu mais recente livro é Homo americanus: Child of the Postmodern Age (2007), que pode ser obtido através do Amazon books (http://www.amazon.com/Homo-americanus-Child-Postmodern-Age/dp/1419659847). Para mais detalhes sobre ele, veja seu website (http://doctorsunic.netfirms.com/).
Este artigo é adaptado da palestra do Dr. Sunic em 22 de junho de 2002, no 14º IHR Conference, em Irvine, Califórnia.