Capítulo 2.5 das Lições sobre o Holocausto.
“Sabe, não é difícil falsificar a história“
R. Thies Christophersen serviu como soldado durante a guerra no departamento de agricultura do Campo de Concentração (CC) de Auschwitz, operando a partir do vilarejo chamado Harmense. Em 1973, Christophersen publicou uma brochura onde descreveu suas memórias daquela época e negava que em Auschwitz tenha existido câmaras de gás para pessoas. As memórias de Christophersen causaram furor e lançaram uma nova expressão, pois o título de sua brochura era “A mentira de Auschwitz”.[109]
Naturalmente Christophersen considerou com esta expressão justamente o contrário do que se entende hoje sobre este termo. Embora a brochura dificilmente possa reivindicar ter tratado cientificamente o tema, ela teve, porém, o mérito de ter servido como sinal, pois ela semeava dúvidas e desafiou uma série de pesquisadores a ver o tema de forma crítica. Um desses pesquisadores foi Arthur R. Butz, professor de eletrotécnica na Northwestern University, em Evanston, cerca de 20km ao norte de Chicago. Após anos de pesquisas, ele publicou em 1976 um livro sobre o Holocausto sob o título “A mentira do século”.[110]
P. Isso soa muito polêmico e parcial.
R. Nos EUA, os títulos são escolhidos frequentemente para chamar atenção. Lá não se fica tão melindrado como na Alemanha.
P. Por que um eletrotécnico acredita que ele possa ser competente para escrever sobre este tema?
R. A competência não provém com certeza de sua formação como eletrotécnico. Se Butz é competente ou não, resulta exclusivamente daquilo que ele escreve, não de seu título acadêmico. Um historiador também pode ser no final das contas um incompetente. Eu me permito salientar que muitos dos mais renomados especialistas em Holocausto não têm formação acadêmica em história, a começar pelo Prof. Dr. Raul Hilberg que é um cientista político. Ao contrário de muitas outras disciplinas, pode-se aprender a ciência histórica mais facilmente de forma autodidata e se especializar rapidamente em determinadas áreas. Desta forma temos também um grande número de acadêmicos sem formação em história que se voltaram para este assunto.
P. Butz é alemão?
R. Não, ele nasceu nos EUA. Seus antepassados nasceram sim na Europa, mas isso foi a muitas gerações.
Prof. Butz foi com certeza o primeiro que tentou tratar e descrever o tema Holocausto a partir de uma perspectiva superior. Ele investigou as primeiras notícias na mídia ocidental que mencionavam o assassinato de judeus. Ele apresentou quais informações possuiam os governos aliados assim como diversas organizações influentes como o Vaticano, a Cruz Vermelha e organizações judaicas, de quais fontes provinham tais informações, como estas informações eram avaliadas e quais reações resultaram disso. Ele descreveu o desenrolar dos fatos dos processos jurídicos do pós-guerra, onde uma determinada “verdade” foi criada sob condições de contorno bastante discutíveis. Ele dedicou-se principalmente ao CC de Auschwitz, o qual ele descreveu como parte de um gigantesco complexo armamentista e de trabalhos forçados, na Alta Silésia oriental. Eu voltarei depois a este tema.
P. O Prof. Butz foi prejudicado de alguma forma após a publicação de seu livro?
R. Bem, ele manteve seu cargo como professor. A universidade não ousou despedi-lo, pois possivelmente perderia o processo e, além disso, o Prof. Butz não fez nada de ilegal segundo o direito norte-americano. Mas eles o mandaram para a sala mais sombria e insalubre que podia existir nas dependências da universidade, e ele era tratado como um leproso.
Somente após um ano da publicação do livro, Butz apareceu nas manchetes, e as reações foram diversas até enfurecidas:
“Nós tínhamos tido informações já há algum tempo. Mas nós não queríamos lhe dispensar atenção e com isso incrementar as vendas. Agora é muito tarde. A notícia escapou, e nós temos agora que nos ocupar com isso.” – Abbot A. Rosen, Anti-Difamation League, Chicago.[111]
“Bauer e Prof. Moshe Davis concordam que há um ‘distanciamento do sentimento de culpa’ em relação ao Holocausto, encorajado com frescos argumentos, que o extermínio relatado de seis milhões de judeus durante a SGM nunca aconteceu. […] ‘Sabe, não é difícil falsificar a história’, completou Davis.”[112]
P. Mas isso tem duplo sentido – inconsciente claro, mas se é fácil falsificar a história, então para ambos os lados, e mais facilmente para aqueles detentores de poder e influência.
R. Se é realmente assim tão fácil, não vamos entrar no mérito. Todavia, um debate técnico sobre o livro de Butz, cuja edição ampliada e atualizada apareceu em 2003 [23], espantosamente não aconteceu até os dias de hoje.
P. Se evita isso como o diabo a água benta.
R. O próprio Prof. Butz resumiu a quintessência de sua pesquisa da melhor forma alguns anos depois, e como reação a alguns livros que podem ser vistos como reação indireta à sua obra. Nestes livros, alguns historiadores estabelecidos expressaram que é escandaloso que ninguém durante a SGM tenha mexido um dedo sequer para os judeus, embora eles tivessem abundantemente informados sobre os acontecimentos na Europa ocupada pelos alemães.[113]
Em um artigo, Butz discorre que na realidade nem o governo aliado nem a Cruz Vermelha, nem o Vaticano, nem as organizações judaicas operando internacionalmente se comportavam como se levassem de alguma forma a sério as informações das organizações clandestinas sobre um suposto assassinato em massa dos judeus.
P. A Cruz Vermelha na Europa podia ter sido parcial.
R. Ela foi com certeza, pois enquanto a Cruz Vermelha relatava sobre os abusos nos Campos alemães – sem comprovar fora os rumores qualquer extermínio em massa, ela silenciou-se diante do bombardeamento criminosos dos aliados sobre as cidades européias, assim como sobre as condições catastróficas dos campos de prisioneiros dos aliados, sobre o extermínio e a expulsão de alemães da Alemanha e da Europa Oriental e de todas as injustiças que foram cometidas sobre os alemães ao final da guerra.
P. Talvez as informações recebidas não fossem boas o suficiente?
R. O Vaticano teve com a totalidade da Igreja Católica da Polônia, que se encontrava na oposição, o melhor serviço secreto, e as organizações judaicas operando internacionalmente mantinham uma constante troca de informações com grupos judeus nas áreas ocupadas pelos alemães. Os aliados decifraram durante a guerra todos os códigos alemães e tinham centenas de milhares de combatentes clandestinos com os quais eles podiam contar. Deve-se então partir do pressuposto que todas estas organizações sabiam em detalhes o que aconteceu. Se elas não levaram a sério estes rumores tenebrosos, então por que elas sabiam bem qual tipo de informação se tratava. O presidente do comitê aliado de serviço secreto ‘Joint Inteligence Committees’, Victor Cavendish-Bentinck, teceu o seguinte comentário sobre o assunto:[114]
“Eu estou convencido que nós vamos cometer um erro se acreditarmos oficialmente nesta estória de câmara de gás. […] Sobre a morte de poloneses em câmaras de gás, eu não acredito que exista qualquer prova que isto de fato ocorreu.”
R. No mesmo documento, Cavendish-Bentinck também levou a crer “que os alemães estão decididos a exterminar os judeus de qualquer idade, a não ser que eles sejam aptos ao trabalho”, estória sobre câmaras de gás como arma do crime lhes pareceu, entretanto, inacreditável.
P. Pode ser que os aliados estivessem céticos devido às mentiras da Primeira Guerra Mundial (PGM), quando eles ouviram de outros estórias parecidas. Mas isso não prova que estas notícias sejam basicamente falsas.
R. Correto. Pode-se até argumentar que a descoberta das mentiras da PGM tornou as pessoas da SGM imunes às notícias de atrocidades, principalmente aquelas estórias que se assemelhavam àquelas da PGM. O historiador holandês Robert J. van Pelt argumentou desta forma, e concluiu então:[115]
“O efeito duradouro de estórias, as quais […] relatam do uso de corpos humanos como matéria-prima para a fabricação de sabão, foi que somente poucos foram levados a acreditar mais uma vez nessas mentiras. […] Não existe qualquer justificativa histórica para julgar e condenar os relatos sobre as atrocidades alemãs durante a SGM sob o contexto da propaganda de atrocidades da PGM: a posição da opinião pública nos anos 1939-1945 era totalmente outra do que 25 anos antes, e é claro que qualquer tentativa de disseminar uma propaganda daquele tipo de rumor (fábrica de transformação de cadáveres), provocava somente risadas.”
R. O problema é que durante a SGM existiram notícias em série que os nacional-socialistas utilizavam os detentos como matéria-prima para tudo o possível: cabelo para forração de botas e colchões, gordura para sabão, pele como couro, cinza como adubo.[116] Estas afirmações foram até parte da acusação dos aliados em diversos processos dos criminosos de guerra após a guerra. Pessoas, que ousavam rir em público destas afirmações, sofriam represálias, e hoje também não aconselho a proceder da mesma forma.
P. Sendo assim, o argumento de van Pelt é insustentável.
R. Totalmente insustentável pelo menos em relação ao que o serviço secreto e o governo aliado quer que o mundo venha a crer. A citação acima de Cavendish-Bentinck prova somente que aqueles que inventaram as mentiras na PGM estavam céticos. A própria opinião pública, ao contrário, engoliu depois da SGM até de forma bastante apática o que foi propagado na PGM. A mentira do sabão da SGM, a qual somente 40 anos após o fim da guerra acabou oficialmente, está completamente viva até hoje nos relatos populares. O motivo para tal encontra-se por sua vez nos arquivos dos mentirosos do governo britânico. Assim, o Ministério da Propaganda britânico enviou a 29.02.1944 uma circular com o seguinte conteúdo às igrejas da Inglaterra e à BBC:[117]
“Nós sabemos como o Exército Vermelho se comportou em 1920 na Polônia e recentemente na Finlândia, Estônia, Lituânia, Letônia, Galícia e Bessarabia. Nós temos que considerar, então, como o Exército Vermelho com certeza se comportará quando ele entrar na Europa Central. […]
A experiência mostra que uma propaganda de guerra direcionada contra o inimigo é a melhor distração. Infelizmente a opinião pública não é mais tão suscetível como nos dias das ‘fábricas de cadáveres’, os ‘bebes belgas dilacerados’ e o ‘canadense crucificado’.[118]
Espera-se seriamente de seus funcionários, para distrair a atenção pública dos atos do Exército Vermelho, que eles apóiem de coração as diferentes acusações contra os alemães e japoneses, as quais foram e são distribuídas pelo Ministério.”
P. Então van Pelt tinha sim razão.
R. Eu diria que van Pelt argumentou de forma parecida como os propagandistas do governo britânico. Mas isso não quer dizer que van Pelt tenha razão. O Ministério da Propaganda britânico perseguiu o objetivo de levar a mídia e os religiosos a propagar sem crítica as terríveis notícias. Semelhante é a situação de van Pelt: ele quer que aceitemos sem críticas as terríveis notícias.
P. Mas talvez o Ministério da Propaganda tenha realmente espalhado só notícias verdadeiras?[119]
R. É improvável que o Ministério da Propaganda acreditasse ele mesmo que essas notícias fossem verdadeiras, pois se assim fosse, por que não escreveu textualmente? Vamos ler o texto mais uma vez: “Infelizmente [!] a opinião pública…”, ou seja, ele prefere uma população que engula as mentiras facilmente, e “… acusações […], as quais foram e são…”, não significa nada mais que o próprio Ministério as propaga e desde há algum tempo faz isso, e não simplesmente passa para frente.
Além disso, eu me permito salientar que os departamentos de propaganda dos governos em tempo de guerra nunca estavam inclinados a propagar a verdade e nada mais do que a pura verdade. Os britânicos foram finalmente mestres em ambas as guerras mundiais na condução da guerra psicológica. Deve-se ser ingênuo para acreditar que os britânicos, justamente na pior e mais perigosa de todas as guerras, não iriam se refugiar nas mentiras.
Mas de volta a Butz. Apesar de toda a excelente situação das informações, ninguém se comportou como se os judeus na Europa fossem exterminados em massa, para o Prof. Butz é inevitável a conclusão que ele adaptou em forma de metáfora:
“Eu não vejo um elefante no porão. Houvesse em meu porão um elefante, eu iria vê-lo com certeza. Portanto, não existe um elefante no porão.”
R. Ou, às claras, Butz quer dizer:
“Ninguém se comportou como se houvesse um Holocausto. Tivesse acontecido um Holocausto, ter-se-ia então comportado de forma correspondente. Ou seja, não houve um Holocausto.”
R – Germar Rudolf
P – Público
Frases do texto original foram destacadas em negrito pela Equipe do Inacreditável – NR
Quem é Germar Rudolf?
[109] Kritik-Verlag, Mohrkirch 1973
[110] [citados inicialmente por Arthur Butz, The Hoax of the Twentieth Century, Historical Review Press, Brighton 1976]. Em alemão: Der Jahrhundertbetrug, Historical Review Press, Brighton 1977.
[111] Pittsburgh Press, 26.01.1977
[112] Chicago Sun-Times, 25.10.1977
[113] Martin Gilbert, Auschwitz and the Allies, Holt, Rinehart and Winston, New York 1981; Walter Laqueur, The Terrible Secret, Little, Brown & Co, Boston 1980
[114] Public Record Office, London, FO 371/34551, 27.08.1943 (www.fpp.co.uk)
[115] Robert Jan van Pelt, The case for Auschwitz: Evidence from the Irving Trial, Indiana University Press, 2002, pág. 155
[116] compare com Paul Grubach, “Propaganda de atrocidades da Primeira Guerra Mundial e o Holocausto”, VffG 6(3) (2002), pág. 354-359
[117] Extrato de Edward J. Rozek, Allied Wartime Diplomacy, John Wiley & Sons, New York 1958, pág. 209f; Rozek fornece como fonte: Poland, Official Government Documents, Bd LVI, Doc. 78; o documento foi introduzido no primeiro e no segundo julgamento de Zündel; compare B. Kulaszka (Ed.), Did Six Million Really Die?, Samisdat Publishers, Toronto 1992, pág. 155
[118] Alusão à propaganda de atrocidades dos aliados na Primeira Guerra Mundial; compare Arthur Ponsonby, Absichtliche Lügen in Kriegszeiten, Buchkreis für Gesinnung und Aufbau, Seeheim 1967.
[119] Conforme Christopher Browning no segundo processo contra Zündel, B. Kulaszka (ed.), Did Six Million Really Die?, Samisdat Publishers, Toronto 1992