Apenas 50 dias depois de Hitler assumir o governo !
Em Dezembro de 1935, George Kareski, secretário dos “Sionistas de Estado” foi entrevistado acerca das leis de Nuremberg no boletim Der Angriff, de Goebbels. Suas visões acerca de inúmeras questões da legislação foram vistas como bastante positivas. Kareski disse que as Leis de Nuremberg correspondiam às velhas demandas judaicas.
A luta pela preservação da identidade
Depois de Adolf Hitler ter sido eleito Chanceler do Reich, em 30 de Janeiro de 1933, e sua subseqüente ascensão ao poder pelo Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, pode-se dizer que a maioria dos mais de 500 mil judeus que viviam na Alemanha não tomou nenhuma posição significativa.
A grande massa judaica esperava ser retirada temporariamente de uma ou outra área, mas não da vida pública, muito menos ser expulsa da Alemanha. Essa idéia motivava apenas politicamente os indivíduos a fazer suas malas e partir para um país estrangeiro, pois acreditavam que cedo ou tarde estariam novamente ao solo germânico.
Em 24 de Março de 1933, dois meses após os nacional-socialistas tomarem o poder, os representantes do Judaísmo Mundial (conforme sua própria denominação) declararam guerra à Alemanha. Como não possuíam um próprio Estado, usaram o poder e a influência no cenário econômico para impor um boicote mundial à Alemanha. [1]
Depois dessa espetacular declaração de guerra, que aparece no londrinense Daily Express, tornou-se óbvio para o Judaísmo Mundial, bem como aos judeus que na Alemanha viviam, de que haveria conseqüências. Nenhum país do mundo, dono de qualquer respeito, poderia ignorar tal desafio, embora a Alemanha se mantivesse de modo amigável. No boicote proposto, o ataque buscou o ponto mais fraco da Alemanha.
A situação econômica alemã era catastrófica. Mais de seis milhões de desempregados, incontáveis empresas falidas, um sistema econômico em colapso postura por um novo governo alemão quase fardo insuperável a deveres aparentemente insolúveis. E no topo de tudo, o boicote estrangeiro aos seus mantimentos deveria ser como a condenação à morte para a Alemanha. Mas isso não ocorreu. Pelo contrário, a economia alemã se fortaleceu com uma rapidez incrível, sendo assim um exemplo para os demais países, por mérito de sua liderança. Isso confirmou não apenas os informes contemporâneos, senão também estudos mais recentes em focar os fatos. Dois capítulos que retratam o renascimento econômico alemão, de forma bastante instrutiva, estão na obra “Hitler” [2], de Rainer Zitelmann.
Judeus na Alemanha
Uma das conseqüências que afloraram da atitude antagonista da então chamada Judea, foi o esforço do governo alemão em remover os cidadãos judeus, encorajando-os à emigração.
Para os judeus alemães, esse foi um acontecimento trágico: sem que se levasse em conta o fato de que a Judea havia declarado guerra econômica à Alemanha, 400 mil judeus-alemães sentiam-se em casa em solo alemão. A maioria deles já vivia na Alemanha há gerações. A primeira emigração não foi viável, de modo que por um tempo considerável, muitos não podiam dar um passo decisivo.

A capa do livro de Ingrid Weckert
Entre os judeus-alemães havia numerosos grupos e subgrupos, representando uma multidão de diferentes opiniões políticas. Entre as organizações puramente religiosas havia diversas associações, algumas mesmo com inúmeros pontos de vista conflitantes entre si.
As quatro maiores organizações judaicas eram:
– A “União Central dos Cidadãos Alemães de Credo Judaico”, formada em 1893. Depois a organização passou a ser chamada de “União Central dos Judeus na Alemanha”. Possuía em torno de 10 mil membros. Sua voz política era o C. V. Zeitung;
– A “União Sionista da Alemanha”, fundada em 1897, com mais de 10 mil membros. Seu informativo era o Jüdische Rundschau. Em 1925, essa união sionista teve fim e o “Novo Movimento Sionista” renasceu de suas cinzas; eles também chamavam a si próprios como “Revisionistas”, ou “Sionistas de Estado”. Este nome, aliás, indicava o desejo por um Estado judaico. O fundador e líder desse grupo foi Vladmir Jabotinsky. Seu substituto na Alemanha foi Georg Kareski.
– A “Federação do Reich dos Soldados Judeus”, fundada em 1919. Como as demais, possuía cerca de 10 mil membros. Seu informativo era o Der Schild;
– A “União Nacional dos Judeus-Alemães”, fundada em 1921, e também tinha cerca de 10 mil membros. Seu informativo era o Nationaldeutsche Jude.
Em questão de uma representatividade mais efetiva dos interesses judaicos, uma organização maior foi formada, intitulada “Representantes do Reich dos Judeus-Alemães”. Em 1939, mudou o nome para “Associação do Reich dos Judeus na Alemanha”. A “União Nacional dos Judeus-Alemães” recusou aderir a tal grupo.
Diferenças à parte, duas direções básicas emergiram: uma, na qual o germanismo era prioridade-topo e o judaísmo seguia enquanto importância religiosa; outra, na qual a consciência de pertencimento a uma nação judaica foi combinada com a questão religiosa. Nesta segunda posição estiveram os sionistas, que eram minoria entre os judeus-alemães, mas que, com o tempo, vieram a se tornar os mais influentes.
A maioria dos judeus-alemães esteve estabelecida na Alemanha por mais de um século. O Edito Judaico de 1812 eliminou todas as restrições legais e concedeu aos judeus os mesmos direitos políticos dos alemães. Dessa forma, eles se viam como alemães e não como estrangeiros. Nos primeiros anos, depois de 1933, a anexação da Austria à Alemanha levou não somente declarações de apoio à pátria alemã e ao Movimento Nacional-Socialista por parte dos judeus-alemães, como também o antagonismo sionista, que pressionava o governo alemão pela emigração.
Primeiramente, temos a declaração do sionista “Jüdische Rundschau” em 13 de Abril de 1933:
“Os alemães devem saber que os laços históricos de séculos não podem simplesmente ser eliminados”.
Um pouco depois, em 29 de Agosto de 1933, o mesmo jornal escreveu:
“Acreditamos que os judeus-alemães devem encontrar seu próprio lugar e sua integração nesse estado, e acreditamos que isso irá ocorrer em harmonia com os princípios básicos de um novo Estado”.
Mesmo depois das Leis de Nuremberg, de nove de Setembro de 1935, o Jüdische Rundschau escreveu que essa era uma sugestão para que os judeus passassem a melhorar suas relações com os alemães, de forma positiva.

Mesmo com a política de facilitação da emigração judaica, durante o advento da guerra
mais de 100 mil homens de origem judaica estiveram lutando ao lado da Alemanha
Muitas citações que documentam quão próximos os cidadãos judeus se identificavam com a Alemanha naqueles anos seguem adiante. Isso não apenas sugere que a maioria dos judeus não adotaram uma atitude de descrença ou rejeição do Governo Nacional-Socialista, as quais, sob determinados pontos de vista, são totalmente suprimidas nos dias de hoje.
O primeiro artigo da constituição da União Nacional dos Judeus-Alemães estipula:
“A União Nacional dos Judeus-Alemães é uma organização de alemães de ancestralidade judaica, os quais declaram publicamente que sentem que sua verdadeira herança é o espírito e a cultura alemã, de forma que os faz pensar e sentir que são simplesmente alemães”. [3]
Dr. Max Naumann, secretário da União Nacional dos Judeus-Alemães, havia publicado numerosos ensaios sobre a questão judaica entre os anos de 1920 e 1924, muito tempo antes da ascensão do Nacional Socialismo. Em suas posições, buscava diferenciar “judeus-alemães” de “judeus estrangeiros”:
“Os judeus-alemães pertencem ao povo alemão, enquanto que os judeus estrangeiros se dispersaram com o vento e são pessoas sem pátria, sem um país. Mesmo a Palestina Inglesa não é nem nunca será sua terra”.
Ele define os judeus estrangeiros como um grupo caracterizado pela
“fanática afeição de retorno ao passado (…) através da loucura em se acreditar que se é uma comunidade dos escolhidos e um problema para os demais”.
Ele inclui os sionistas na categoria de “judeus estrangeiros”. Aqui, novamente, o Dr. Max faz sua escolha entre os dois grupos. Os “sionistas honestos, de pensamento vertical” seriam aqueles que reconhecem suas diferenças e estão preparados para viver na Alemanha enquanto estrangeiros, se necessário estar até mesmo sob constrangimentos legais. Aqueles que não pertencem nem aos judeus-alemães nem aos sionistas conscientes seriam
“o resto que merece perecer. É melhor que alguns desenraizados pereçam que centenas de milhares, os quais bem sabem ao que pertencem – nosso povo alemão não deve perecer”. [4]
É possível argumentar que essa era uma opinião quase isolada, mas o Dr. Naumann foi re-eleito secretário da “União Nacional dos Judeus-Alemães”, e assim se sucedia, ano após ano. Não teria sido possível, portanto, que a visão de tal união estivesse tão distante de quem a representava. Então é correto acreditar que havia um grupo de judeus que compartilhavam dessa visão extrema de seu judaísmo.
Como visto, a “União Nacional dos Judeus-Alemães” recusou aderir à organização que tinha compromisso com outros grupos maiores de judeus. Seus membros se sentiam tão alemães que não tinham a pretensão de integrar uma organização-mestra judaica.
Ainda mais radical foi a atitude de outro jovem grupo nacional alemão, o Black Banner. Dissolveu-se em 1934 após um número significativo de seus membros terem deixado o judaísmo, conforme sua declaração oficial, para demonstrar a completa separação deles com relação à fé judaica. [5]
Um grande número desses nacionalistas judeus-alemães expressou opiniões bastante positivas sobre o germanismo e o Nacional Socialismo.
Em 1931, a revista “Der Nationaldeutsche Jude” colocou a seguinte questão: “Podem os judeus ser nacional-socialistas?”, e a resposta foi unânime: “Sim!”. Em sua edição de Janeiro de 1931, está escrito o seguinte:
“Acaso nós judeus não demos nosso sangue nos campos de batalha pela Alemanha? Acaso não era judeu o primeiro Presidente do Parlamento Alemão na Paulskirche? [6] Acaso não foi um judeu o fundador do Partido Conservador Alemão? Quem faz com que os partidos agradeçam por terem chorado por uma pátria unida, por sua criação e organização? Os judeus! Quem formulou precisamente as demandas que hoje são pontos do Programa Nacional-Socialista? Um judeu – Walther Rathenau”.
Em Maio de 1933, depois que Hitler assumiu o poder, a mesma revista escreveu em uma edição especial:
“A Alemanha do futuro está diante de novas tarefas, as quais somente podem ser resolvidas por uma nação renovada em sua fundação. Para isto, é preciso criar uma idéia de nação, na forma de uma comunidade nacional, que nunca antes existiu na história da Alemanha. Esta é a maior e mais verdadeira conseqüência libertadora do líder nacional”.
Em 1934, o Dr. Max Naumann declarou:
“Nós notamos o bem-estar dos alemães e da pátria, pela qual estamos estritamente ligados sobre todo nosso bem-estar. Este é o motivo que nos leva a comemorar a insurreição de Janeiro de 1933, mesmo a considerar as durezas que possam existir para nós, pois nisto percebemos que haverá de significar a superação dos prejuízos causados por elementos não-alemães durante aqueles trágicos 14 anos”. [7]
Um rabino ortodoxo de Ansbach escreveu no mesmo ano:
“Eu rejeito os ensinamentos do marxismo do ponto de vista judaico e professo o Nacional Socialismo, naturalmente que sem seus componentes anti-semitas. Sem esse anti-semitismo, estou certo de que o Nacional Socialismo haveria de encontrar seus mais devotos seguidores entre a grande maioria dos judeus ortodoxos”. [8]
Estes pontos de vista não eram a maioria entre os judeus, mas é preciso recordar que eles foram expressados abertamente, através de seus jornais, algo que os nacional-socialistas não apoiavam, pois a idéia era que os judeus de fato deixassem a Alemanha.
A atitude nacional-socialista corresponde em princípio à posição sionista. Eles desejavam estabelecer um judaísmo nacional e assim se opuseram a uma integração mais a fundo entre judeus e alemães. Os sionistas aprovaram o Nacional Socialismo porque compartilhavam basicamente de um principio: a devoção à própria comunidade, povo e Estado.

Kareski foi um militante inegável pela separação entre judeus e alemães,
tendo inclusive louvado a iniciativa do uso da famosa Estrela de Davi,
como um meio bastante viável de se evitar os casamentos mistos.
Em Dezembro de 1935, George Kareski, secretário dos “Sionistas de Estado” foi entrevistado acerca das leis de Nuremberg no boletim Der Angriff, de Goebbels. Suas visões acerca de inúmeras questões da legislação foram vistas como bastante positivas. Kareski disse que as Leis de Nuremberg correspondiam às velhas demandas judaicas. Por exemplo, a separação entre alemães e judeus por nacionalidade, a criação de escolas apenas para estudantes judeus, o fomento e apoio especificamente à cultura judaica, e acima de tudo, a proibição dos casamentos mistos, os quais não eram permitidos em hipótese alguma pelas leis judaicas. [9]
A entrevista de Kareski se tornou controversa nos círculos judaicos. Contudo, ele viria a receber muito apoio dos judeus ortodoxos e mais ainda dos grupos sionistas.
Ingrid Weckert, Jewish Emigration from the Third Reich, Holocaust Handbook Series, Vol. 12. Thesis and Dissertations Press. Chicago, 2004.
Notas:
[1] Existem muitos trabalhos publicados sobre este assunto. Como exemplo, a obra “Jüdische Kriegserklärungen an Deutschland” de Hartmut Stern
[2] “Hitler: Selbstverständnis eines Revolutionärs”
[3] Hermann. Pg. 74
[4] Hermann. Pg. 30
[5] Hermann. Pg. 41
[6] Não procede. O Presidente do primeiro Parlamento alemão em Paulskirche foi Heinrich Freiherr von Gaggern. Ele pertencia a uma velha família aristocrática de Rügen que volta ao século 13. O mais provável é que o autor desse artigo tenha feito alguma confusão ao misturar Gaggern com Martin Eduard von Simson, um judeu convertido, que foi o primeiro presidente do Reichstag, em 1871.
[7] Hermann. Pg. 22
[8] Hartmann. Pg. 3
[9] “Der Angriff”, 23 de Dezembro de 1935. O texto está reproduzido na obra “Aspekte jüdischen Lebens im Dritten Reich”, Parte 1, de Udo Walendy, Parte 1, “Historische Tatsachen”, N. 61, 1993, pg. 17.