Ao longo destes anos, pudemos observar que o pagamento de juros apenas mudou de endereço: da dívida externa para a interna. Hoje continuamos a pagar uma quantia vultosa a título de juros para rolar um endividamento público em constante crescimento.
O pagamento de juros da dívida externa brasileira sempre foi um argumento bastante utilizado pela oposição política, principalmente em épocas eleitorais. Uma vez que assumiu o governo, o PT concentrou fogo nesta dependência e ingerência de instituições apátridas, interessadas em manter conservado o status brasileiro como eterna “colônia de banqueiros”. Mas como veremos abaixo, este “fogo cerrado” contra o pagamento dos juros foi apenas um festival pirotécnico para iludir os incautos.
No Relatório Mensal da Dívida Pública Federal divulgado este mês e referente a agosto de 2010, percebemos claramente o destaque à redução do pagamento de juros da dívida externa, porém, completo silêncio em relação à dívida interna.
Ao longo destes anos, pudemos observar que o pagamento de juros apenas mudou de endereço: hoje continuamos a pagar uma quantia vultosa a título de juros para rolar um endividamento público em constante crescimento. O governo do PT continua infelizmente a fazer o jogo dos gafanhotos internacionais. É claro que houve uma melhoria quando comparamos com as políticas entreguistas dos partidos liberais ou social-democratas, mas mesmo assim continua valendo o título acima dado ao Brasil pelo nobre cearense Gustavo Barroso.
O gráfico abaixo mostra o desenvolvimento oficial da dívida pública federal até o momento. Lembramos que em setembro houve mais emissão de títulos públicos para o BNDS em 30 bilhões de Reais…
Quem se recorda da discussão em torno da cobrança da CPMF, deve-se lembrar da argumentação mais utilizada, ou seja, a retirada da economia de uma enorme quantidade de dinheiro. Não vamos analisar aqui se foi justo ou não sua cobrança, mas vamos apenas comparar toda indignação contra a CPMF e a total apatia diante do pagamento dos juros da dívida pública brasileira. Enquanto o valor anual arrecadado com a CPMF variava em torno de 30 a 40 bilhões de Reais, a quantia que devemos extrair do ciclo virtuoso do trabalho produtivo para pagamento de juros bancários (não-trabalho) gira em torno de 150 bilhões. Isso utilizando-se aqui dados oficiais, os quais não necessariamente refletem a realidade: números da Campanha pela Auditoria Cidadã da Dívida realizada em 2009 apontam cifras na ordem de 380 bilhões de Reais destinados ao pagamento de juros e amortizações da dívida. Ao contrário de qualquer chefe de família que quer sair da armadilha dos juros ao perceber uma situação de endividamento do orçamento doméstico, o governo age de forma oposta e acentua sua dependência junto aos plutocratas.
O aumento cada vez maior das dívidas públicas das nações não é nada mais do que uma estratégia orquestrada pelas Altas Finanças para escravizar os povos do mundo. Esta questão já foi abordada em detalhes no artigo O governo mundial de facto da atualidade.
Diante de um quadro de recessão generalizada, os países tentam reanimar a economia interna através da impressão de dinheiro sem lastro. Porém, tal medida somente poderia ser eficaz caso não houvesse desvios para o pagamento de juros, ou seja, somente onde a expansão monetária ocorresse lastreada pelo trabalho produtivo. Inventar artifícios de controle, mas ao mesmo tempo premiar a especulação financeira (cobrança dos sagrados juros bancários), apenas adia a catástrofe econômica para as próximas gerações.
Desvalorização das moedas
A exemplo da atuação econômica atual da Alemanha, o comércio exterior é uma das maneiras para se evitar a emissão de títulos do tesouro sem lastro, e se revela uma saída saudável para contornar a crise. O detalhe é que para isso deve-se ter além de produtos de alto valor agregado, uma moeda que não seja supervalorizada.
Em vista disso, é fácil entender a preocupação do ministro Mantega diante da intenção mundial de desvalorização cambial. Segundo o ministro, a economia brasileira está em perigo diante da supervalorização do Real frente ao Dólar: o Real apresenta sua maior cotação frente ao Dólar dos últimos 10 meses e se valorizou em cerca de 25% nos últimos meses. O banco dos gafanhotos internacionais Goldman Sachs descreve o Real como a moeda que mais se valorizou no mundo atualmente. O resultado desta política é claro: o retorno do protecionismo.
Neste contexto só podemos observar como o ouro continua a bater semanalmente recordes históricos frente ao dólar e Euro. Apesar da manipulação dos mercados de títulos do metal precioso (COMEX) pelos gigantes JP Morgan e Goldman Sachs, a cotação do metal bateu ontem a marca de US$ 1.313/onça.
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As 60 nações aqui listadas estão endividadas com a astronômica cifra de aproximadamente 30 trilhões de dólares, o que na média representa mais da metade do PIB e em relação à população, cada recém-nascido já nasce com uma dívida média de 10 mil dólares. A uma taxa de juros de apenas 5% resulta anualmente a soma de 1,5 trilhões de dólares em juros. Uma soma que não pode ser mais gerada economicamente, mas que deve ser refinanciada através de novos endividamentos.