Neste capítulo das Lições sobre o Holocausto, Germar Rudolf descreve a região do entorno de Auschwitz e as dificuldades para manter em segredo uma suposta ação gigantesca de genocídio, pois, entre outros detalhes, centenas de detentos foram dispensados daquele Campo de Concentração.
R. Antes que conheçamos alguns detalhes do Campo de Auschwitz, eu gostaria de apresentar aqui a região que é tema da discussão.
Fig. 24 – Mapa da região de Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial
Auschwitz não é um lugar qualquer na Polônia. Muito mais, trata-se de uma cidade muito próxima da região industrial da Alta Silésia. A figura 24 mostra um mapa da região de Auschwitz. A cidade Auschwitz situa-se na foz do rio Sola junto ao Weichsel (Vistula). A localidade vizinha Birkenau (Brzezinka, em polonês) situa-se em um ponto ferroviário de convergência, o qual liga o trecho da Boêmia sobre o Ostrau e Bielitz-Biala com o trecho para Cracóvia (Krakau) e para Kattowitz. Distante somente um quilometro a oeste de Birkenau, o rio Weichsel formava desde o século XVII, até 1919, a fronteira entre a Silésia alemã e a Polônia e após a divisão da Polônia, entre a Silésia e a Galícia austríaca. Durante o domínio austríaco sobre a região onde se situa Auschwitz, apareceu no local uma caserna do exército da monarquia K&K. Ela passou em 1919 para as mãos do recém criado exército polonês. [397] Após a guerra teuto-polonesa em setembro de 1939, esta caserna foi transformada em um Campo de Concentração e ocupada por prisioneiros poloneses. Hoje este Campo é conhecido como “Stammlager” ou também como “Auschwitz I”. Localiza-se próximo ao Sola e no sudoeste de Auschwitz. Na ocasião da ocupação alemã, a paisagem da região modificou-se drasticamente. A localidade de Auschwitz era caracterizada no período do pré-guerra pela economia agrária, sendo que após a retirada dos alemães da cidade polonesa, foi deixada uma pequena moderna cidade com avançada infra-estrutura industrial, e enormes e modernas fábricas químicas.
P. Você está querendo dizer que a atuação dos alemães em Auschwitz foi uma vantagem para a Polônia?
R. Se você restringir a atuação alemã no desenvolvimento da indústria e da infra-estrutura, então elas serviram bem aos poloneses. Isso não contém qualquer valor sobre outras atividades dos alemães na região de Auschwitz. E também não quer dizer nada sobre outras questões, se numa análise geral sobre o que aconteceu lá durante a Segunda Guerra Mundial, o balanço foi positivo ou negativo.
O motivo para a aceleração da industrialização desta região é de fácil visualização. A região de Auschwitz representava, devido à sua proximidade da região da Alta Silésia, à ótima malha ferroviária e à grande oferta de água dos rios Weichsel e Sola, um local ideal para a implantação da indústria química alemã. Além disso, devido à grande distância da Inglaterra, estas fábricas estavam seguras contra ataques aéreos aliados até a metade de 1944.
Como deve ser de conhecimento geral, a Alemanha não tem e não tinha qualquer reserva de petróleo. Os produtos feitos com petróleo, todavia, eram e são matérias-primas decisivas para a condução da guerra. Cortada do petróleo árabe e russo, a Alemanha desenvolveu já durante a Primeira Guerra Mundial o conhecido procedimento de aproveitamento do carvão, para se tornar independente do petróleo. O processo transforma carvão, o qual a Alemanha tem o suficiente nas regiões industriais do Ruhr, Saar e Silésia, em hidrocarbonetos na forma gasosa ou líquida. Estes são utilizados então pela química petrolífera como matéria-prima para todos os possíveis produtos químicos sintéticos, entre outros para a produção de borracha, combustíveis e lubrificantes.
A tecnologia alemã de aproveitamento do carvão foi utilizada em larga escala na Segunda Guerra Mundial, em fábricas na região do Ruhr, em Baden (BASF) e em Auschwitz. [398] Um dos primeiros passos em quase todos os processos de gaseamento do carvão é a produção de monóxido de carbono através de uma queima pobre em oxigênio do carvão molhado: [399]
“A Alemanha do tempo da guerra era um império construído em carvão, ar e água. 84,5% de seu combustíveis para aviação, 85% de sua gasolina, até alguns por centos de toda a borracha, 100% de seu ácido nítrico concentrado, material primordial para todos os explosivos militares, e 99% de seu também importante metanol, foram produzidos por estes três elementos. […] O tronco desse organismo industrial eram instalações de sublimação do carvão, que transforma o carvão em gás.”
As fotos aéreas dos batalhões aliados de reconhecimento, que sobrevoaram Auschwitz no início de 1944, mostram a grandeza das instalações químicas industriais. [400] Na figura 24, temos um croqui grosseiro da região, sobre a qual surgiu em poucos anos a grande indústria química, a I.G. Farbenindustrie AG, para a qual um grande contingente de trabalhadores forçados do Campo de Concentração de Auschwitz fora deslocado.
Fig. 25 – Pátio da fábrica da I.G. Farbenindustrie AG, em Auschwitz-Monowitz, inverno 44/45 [401]
Após a Segunda Guerra Mundial, esta tecnologia foi eliminada através do roubo de patentes e cientistas, assim como através da desmontagem das instalações industriais da Alemanha. Devido ao medo autárquico das potencias aliadas e devido ao petróleo barato, a reativação – e com certeza ecologicamente correta – da tecnologia do aproveitamento do carvão sucumbiu após a guerra. Somente após a crise do petróleo nos anos setenta força um modesto retorno das pesquisas.
Mas voltemos à região de Auschwitz. As fábricas da I.G. Farbenindustrie AG é o maior, mas não é o único exemplo da tendência alemã de industrialização desta região. O problema da mão de obra produtiva necessária para estas novas indústrias acreditou-se ser solucionado após o início da campanha da Rússia, através dos trabalhos forçados dos prisioneiros de guerra. Por isso foi erigido a oeste da localidade de Birkenau um grande Campo de Concentração da Waffen-SS – hoje conhecido como “Auschwitz II” ou “Auschwitz-Bierkenau”, onde os prisioneiros de guerra russos deveriam ser internados.
P. Birkenau é considerado como um puro campo de extermínio.
R. Ele não foi projetado como tal em outubro de 1941, quanto a isso não há qualquer dúvida. Os primeiros documentos falam claramente de um Campo de Concentração. [402]
P. O Campo ficou sob a administração da Waffen-SS?
R. Sim. A repartição responsável pelas construções em Auschwitz chamou-se até o final da guerra “Zentralbauleitung der Waffen-SS und Polizei, Auschwitz” (Direção central de obra da Waffen-SS e Polícia, Auschwitz). [403]
P. Então a Waffen-SS não tinha aquela áurea imaculada que pessoas como Franz Schönhuber quer que acreditemos? [404]
R. Isso depende de qual historiografia você quer acreditar. Se o conhecido e tomado como verdadeiro extermínio aconteceu em Auschwitz e em outros lugares, então é claro que a Waffen-SS teve seu dedo ali.
O Campo de Birkenau situa-se na região pantanosa do encontro entre os rios Sola e Weichsel. Com o aumento da atuação dos prisioneiros nas indústrias da região de Auschwitz, passo a passo vieram uma série de outros pequenos campos de trabalho na região da Alta Silésia, num total de mais de 30, os quais estavam todos sob a administração central do Campo de Auschwitz e que abrigava os detentos nas proximidades de suas fábricas. Na planta aqui mostrada situava ainda, por exemplo nas imediações dos povoamentos Harmense, Rajsko e Monowitz, um assim chamado Campo Externo . Estes Campos adicionais não serão abordados aqui, pois para eles não existe acusação de genocídio, muito pleo contrário. Eu me permito aqui reproduzir um trecho do depoimento do antigo detento de Monowitz, Jakob Lewinski, obtido em seu interrogatório no ano de 1958, e parte integrante das investigações que levaram finalmente ao grande processo sobre Auschwitz, em Frankfurt. [405] Lewinski foi deportado com sua mulher, mas em Auschwitz separado de dela. Ele nunca mais a viu. Sua acomodação no campo de trabalho de Auschwitz-Monowitz, ele descreve como “humanamente digna”: [406]
“Dentro do Campo havia um bordel com 10 mulheres, mas que estavam disponíveis somente para detentos alemães. Os detentos recebiam por seu trabalho notas de produção de 1,50 DM (quer dizer RM) por semana, com o qual podia-se comprar mostarda, repolho, beterraba etc. […]
O Campo tinha no geral [sic] boas instalações sanitárias, salas de banho e ducha e um excelente hospital. […] A alimentação consistia em 1/3 pão, três vezes por semana e ½ pão 4 vezes por semana, além disso pelas manhãs uma vasilha [sic] de café, 5 vezes 20 gramas de margarina, uma vez uma pequena porção de marmelada e um pedaço de queijo. No almoço havia a chamada Sopa-Buna sem qualquer valor nutritivo. No jantar havia uma sopa grossa, pedaços de nabos, pedaços de repolho etc.“ [407]
R. Devido ao trabalho pesado ao longo de 12 horas diárias sob insuficiente alimentação, gerou segundo Lewinski uma alta mortalidade no início, que depois reduziu-se com a diminuição do trabalho. Sobre a direção SS, ele relata: [408]
“Nosso chefe do Campo foi o SS-Obersturmführer Schöttl, o qual foi condenado à morte em Dachau, provavelmente por atos que foram cometidos em nosso Campo, porém, como chefe de Campo ele não deveria ter recebido a pena de morte de forma alguma.”
P. Isso é que eu chamo de uma declaração surpreendente, ausente de ódio! E em todo o caso, ele perdeu sua mulher através da SS. Eu tiro o chapéu diante de tal postura!
R. Sim, devido a tais declarações eu reconquistei a confiança em algumas testemunhas.
A partir de 1942, Auschwitz serviu como peça central para a deportação dos judeus da Europa Ocidental e Central. Muitos transportes passavam pelo Campo de Birkenau. A partir daqui, os detentos foram redistribuídos segundo a área de atuação para Campos externos ou continuaram a ser transportados para outros complexos de detenção. Uma parte permaneceu no Campo de Birkenau. A atual historiografia oficial parte do pressuposto que a maior parte dos judeus transportados foi mandada diretamente para as câmaras de gás e ali assassinada. Após o desembarque dos aliados na Itália, a região industrial da Alta Silésia também entrou no alcance dos bombardeios norte-americanos, sendo que no início de 1944, a montagem de fábricas e a produção já iniciada foram atingidas severamente.
Nas fotos aéreas dos batedores norte-americanos daquela época, se pode reconhecer muitos detalhes do complexo do Campo. Entre outros, se reconhece que os camponeses poloneses cultivavam suas lavouras até a cerca do Campo, portanto, seria uma total ilusão a manutenção do mistério em torno dos acontecimentos locais. [409] O mesmo vale para o corrente transporte de bens e pessoas através do cruzamento de linhas férreas em Auschwitz, diante da qual uma ampla ação de extermínio não se deixaria esconder. Manter o mistério seria também impossível, pois os detentos atuavam como trabalhadores nas fábricas militares e civis dos alemães e com isso, mantinham contato com prisioneiros de guerra de outras nações e CC e também com civis alemães e estrangeiros. Também atuaram em Auschwitz diversos funcionários de construtoras civis na construção dos prédios dos Campos de Concentração e de prisioneiros de guerra. Junto a isso havia dispensa e férias do Campo.
P. Dispensa de um Campo de Extermínio?
R. Se houve um extermínio ou não, a dispensa do Campo de Auschwitz e Birkenau é comprovada. De acordo com livro lançado pelo Museu de Auschwitz e Birkenau, por exemplo, de 26.200 detentos registrados, ou seja, 4% do total de prisioneiros transportados e registrados, 1.049 foram dispensados da prisão e 2.945 realocados em outros Campos. [410]
P. Seriam então 4.000 testemunhas do genocídio. Mas parece mais que a SS não se preocupava nenhum pouco com o que estes detentos fossem falar mundo afora sobre Auschwitz.
R. E isso é apenas um extrato do total dos detentos dispensados e realocados. O número total e oficial situa-se pelo menos em 1.500 dispensados e cerca de 200.000 realocados para outros Campos. [411]
Mas que afirma assim mesmo, que um genocídio dessas proporções em Auschwitz pudesse ser mantido em segredo, a este falta a necessário conhecimento da matéria. [412] Para manter em segredo um genocídio, havia milhares de lugares nas áreas alemãs ocupadas, do que a região de Auschwitz com o ativo complexo industrial daquela época.
R – Germar Rudolf
P – Público
Frases do texto original foram destacadas em negrito pela Equipe do Inacreditável – NR
Quem é Germar Rudolf?
[397] Sobre a história de Auschwitz compare Robert van Pelt, Deborah Dwork, Auschwitz: 1270 to the Present, (Nota 276), assim como J.-C. Pressac, ref. [214].
[398] Compare principalmente: W. Gumz, J.F. Foster (Battelle Memorial Institute), “A Critical Survey of Methods of Making a High BTU Gas from Coal”, Research Bull. No. 6, American Gas Association, New York, Julho 1953; ali mais informações detalhadas. Veja também Raul Hilberg, (Nota 356), Pág. 992.
[399] U.S. Strategic Bombing Survey, Oil Division Final Report, 2. Aufl., War Department, Washington 1947, Pág. 1.
[400] Compare as diversas fotos aéreas em in John C. Ball, Air Photo Evidence, Ball Recource Services Ltd., Delta B.C., 1992 (www.air-photo.com).
[401] www.auschwitz-muzeum.oswiecim.pl/html/eng/historia_KL/foto/ig_farben_foto_buna.html
[402] Relatório sobre o ante-projeto Neubau K.G.L. Auschwitz, 30.10.41, GARF 502-1-233-13/30.
[403] Compare Carlo Mattogno, Die Zentralbauleitung in Auschwitz. Geschichte, Struktur, Aufgaben, Tätigkeiten, Castle Hill Publishers, Hasting 2005, em preparação.
[404] F. Schönhuber, Ich war dabei, Langen Müller, Munique 1981.
[405] Interrogatório de 24.11.1958, Promotoria do tribunal LG Frankfurt (Main), processo criminal junto ao Schwurgericht Frankfurt (Main) contra Baer e outros, por assassinato, Az. 4 Js 444/59, Bd. 2, Bl. 305-310.
[406] Ebd., Bl. 305, 305R.; compare G. Rudolf, “Aus den Akten des Frankfurter Auschwitz-Prozesses, Teil 3”, VffG 7(1) (2003), Pág. 95-101, aqui Pág. 99 et seq; o depoimento tem respaldo através do testemunho de Gerhard Grande, que se pronunciou de forma positiva semelhante sobre Schöttl, compare Akten, Bd. 7, Pág. 1058.
[407] Promotoria junto ao tribunal LG Frankfurt, ebd., Bl. 305R.
[408] Ebd., Bl. 306.
[409] Compare J.C. Ball, aaO. (Nota 400), Pág. 51-53.
[410] Museu Nacional de Auschwitz-Birkenau (Hg.), aaO. (Anm. 44), Pág. 231. Compare Michael Gärtner, Hans Jürgen Nowak, “Die Stärkebücher von Auschwitz”, VffG 6(4) (2002), Pág. 425-436, aqui Pág. 430.
[411] O número de dispensas para 1940 e 1941 é desconhecido até o presente; veja Franciszek Piper, Die Zahl der Opfer von Auschwitz, Verlag Staatliches Museum, Auschwitz 1993; compare C. Mattogno, “Die Viermillionenzahl…”, aaO. (Nota 194), Teil II: “Franciszek Piper und Die Zahl der Opfer von Auschwitz”, Pág. 23.
[412] O desconhecimento sobre o genocídio dos judeus nas áreas de ocupação alemãs durante o tempo de guerra é destacado pelo historiador A.M. de Zayas e é explicado como política secreta do governo alemão: A. M. de Zayas, “The Wehrmacht Bureau on war crimes”, in The Historical Journal, 35(2),1992, Pág. 383-399.