A imagem do biombo com Buda e a suástica
“Isso tudo é de uma ignorância sem comentários. Esse símbolo existe na cultura oriental há mais de 5 mil anos, quando o nazismo nem pensava em nascer. Tentei evitar a confusão, mas não teve jeito: a polícia apreendeu o biombo e eu estou nervosa até agora com essas acusações.”
Diretamente da seção Ódio e Intolerância
Ícone budista é apreendido por apologia ao nazismo
RIO DE JANEIRO – Diz a Wikipédia (enciclopédia livre na internet) que “a suástica ou cruz gamada é um símbolo místico encontrado em muitas culturas em tempos diferentes: dos índios hopi aos astecas, dos celtas aos budistas, dos gregos aos hindus”. Quando adotada pelo nazismo no século passado, porém, ela foi invertida e inclinada, adquirindo uma aura maldita. Sexta-feira, a representação gráfica virou o centro de uma polêmica no Shopping da Gávea (Zona Sul), com desdobramentos na 15ª DP.
Policiais civis apreenderam um biombo com cerca de dois metros de altura que traz a figura de um Buda com a cruz suástica (não invertida nem inclinada) no peito, na loja de bijuterias e decoração oriental Cheia de Graça. Atenderam a uma denúncia de que a imagem faz apologia ao nazismo.
– Vamos apurar também junto ao fabricante da peça, no Rio Grande do Sul, se há tentativa de propaganda escamoteada – afirmou o delegado Henrique Pessoa, responsável pelo Núcleo de Combate à Intolerância Religiosa.
Estupefatos, os proprietários da loja não compreenderam a ação.
– Isso tudo é de uma ignorância sem comentários. Esse símbolo existe na cultura oriental há mais de 5 mil anos, quando o nazismo nem pensava em nascer. Tentei evitar a confusão, mas não teve jeito: a polícia apreendeu o biombo e eu estou nervosa até agora com essas acusações – desabafou a proprietária Samara Nolding.
Medida totalmente arbitrária e sensacionalista. Juridicamente não conseguirá avançar nem um centímetro, porém, conseguiu provocar constrangimento junto aos proprietários da loja. A questão que deve ser esclarecida: o que levou o delegado a seguir esta denúncia? – NR
De acordo com o marido de Samara, também proprietário da loja, o biombo custa R$ 590 e foi fabricado há cerca de dois meses. O casal é de Florianópolis (SC) e mantém 13 lojas em vários estados.
– É muito ruim você estar 100% certo e sofrer punição como se tivesse cometido algum erro. Esta sensação é horrível e irreparável. Tinha uma festa e Carnaval na escola da minha filha que nós não tivemos como ir – disse José Henrique, que faz questão de ressaltar que é católico.
Esta ação é atípica, pois aparentemente quer somente produzir ar quente, políticos chamando atenção e querendo aparecer na mídia. Em casos semelhantes, o procedimento do departamento jurídico da comunidade judaica é outro: há uma conversa antes com os envolvidos para saber a motivação destes, como aconteceu no caso de uma festa no próprio bairro da Gávea, em maio de 2009 – NR.
Autores da denúncia, o deputado estadual Gerson Bergher e a vereadora Teresa Bergher, ambos do PSDB, acompanharam a operação junto com membros da colônia judaica.
– Vivemos em um mundo globalizado e ninguém pode desconhecer o que é a cruz suástica. Criada pelos povos antigos como um símbolo do bem, ela foi incorporada ao nazismo por Adolf Hitler. A sociedade deve denunciar – protestou Teresa.
Alvo da polêmica, símbolo parece… mas não é.
A diferença entre a suástica nazista e a que representa o budismo é que a adotada por Adolph Hitler tem as suas pás invertidas e inclinadas a 45 graus. O budismo explica que o símbolo gira no sentido horário e, automaticamente, absorve energia do universo, promovendo a auto-salvação de quem a usa. Ao girar no sentido anti-horário, ela emite energia, oferecendo a salvação ao próximo.
Estudos mostram que já na antiguidade a suástica foi utilizada largamente pelos indo-arianos, hititas, celtas e gregos, dentre outros. Em especial, como símbolo sacro do hinduísmo, budismo e jainismo.
O nome suástica vem da palavra sânscrita svastikah, que significa bem-estar e boa fortuna. O símbolo é basicamente uma linha reta com braços perpendiculares a cada extremidade, seguindo em direções opostas.
Com a alteração estética no símbolo, Adolf Hitler, que era ocultista e sobreviveu a 42 atentados contra a sua vida sem ferimentos, queria representar o roubo da energia do universo para seus propósitos. A ideia era paralisar o tempo e iniciar os mil anos de domínio da Nova Ordem: o 3º Reich.
O líder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães inspirou-se num conteúdo místico para elaborar a bandeira nazista, que ficaria marcada para sempre na história da humanidade.
A composição entre o vermelho e o branco indicavam a ideia social do movimento. A temida suástica nazista representava a luta pela raça ariana e o triunfo do ideal trabalho criativo, que, para eles, seria para sempre anti-semítico.
Jornal do Brasil, 12/02/2010.
Ignorância, intolerância religiosa ou mera arrogância dos denunciantes?
O símbolo da suástica deve ser proibido, pois seguindo a proposta do ex-deputado Alberto Goldman e hoje vice-governador do Estado de São Paulo, a censura neste caso deve evitar que os brasileiros tornem-se odientos antissemitas caso vejam esse símbolo em apologia ao Nacional-Socialismo. Sobre a legitimidade desta censura ou de sua eficácia, há opiniões diametralmente divergentes. Muitos consideram esta medida retrógrada e contra os preceitos da Constituição Federal. Diante das novas descobertas da Ciência Histórica, as questões inerentes ao “nazismo” tomam outras interpretações e não há mais motivo para medidas despóticas e anti-democráticas como essa. Como o tema “vacina” está em voga no momento, não podemos nos conter em sugerir uma ampla campanha de vacinação contra a doença do antissemitismo – NR.