Um novo estágio para o Revisionismo do Holocausto: as incoerências do “politicamente correto” despertam a indignação dos próprios segmentos judaicos.
Criar leis contra os negadores do Holocausto é parte de uma tendência perigosa.
Na edição de 3 de outubro, o Jewish Chronicle veiculou a história da prisão do negacionista alemão Frederick Toben, no aeroporto Heathrow e em virtude de um mandado europeu expedido pelo governo alemão. O Sr. Toben é atualmente um cidadão australiano. Pouco importou: ele chegou a Heathrow dos Estados Unidos, rumo a Dubai. A Policia Metropolitana o prendeu por acusações do governo alemão de que ele tem persistido em postar material na internet que nega ou “minimiza” o Holocausto Judeu praticados pelos Nazistas
Em 1999, o Sr. Toben já havia cumprido pena em uma prisão alemã depois de publicar panfletos negando que extermínios em massa de judeus tivessem ocorrido em Auschwitz. Em seguida à sua aparição ante aos magistrados londrinos, no começo deste mês, um porta-voz do Community Security Trust foi citado por ter parabenizado a ação das autoridades britânicas em executar o mandado europeu e por ter expressado esperança de que “a lei alemã seja cumprida”.
Eu espero que nada desse tipo aconteça com o Sr. Toben. Eu espero que o pedido de extradição seja repelido, para que o Sr. Toben mais uma vez esteja livre para andar pelo mundo negando o Holocausto com toda sua convicção. Eu tambem espero que este tipo de incidente nunca volte a acontecer neste país, e ainda que o governo britânico demande que as leis que criminalizam a negação do Holocausto na Alemanha e na Áustria sejam revogadas o quanto antes.
Um grande estardalhaço foi feito pela mídia a respeito do péssimo tratamento recebido por Toben. Minha colega colunista do Jewish Chronicle, Melanie Philips, condenou corretamente o tratamento dado ao negacionista como um atentado contra a Liberdade de Expressão. No dia 10 de outubro, Anshel Pfeffer corretamente argumentou pelo JC que perseguir negadores do Holocausto é jogar dinheiro fora, servindo apenas para dar a esses “cretinos odiosos” a atenção que eles querem. Eu concordo plenamente com tudo isso, mas minhas preocupações com o caso Toben vão muito além.
Minha preocupação tem a ver com a alarmante tendência dos Estados em criminalizar o passado, e em particular com uma proposta deplorável que está sendo considerada pela União Européia de obrigar seus membros à impor, por meio de leis, determinadas interpretações da História, sob o disfarce de “combater o racismo e a xenofobia”. Esta proposta vem (adivinhe…) do governo alemão, cujo Ministro da Justiça aparentemente pretende criar uma situação onde “publicamente negar, consentir ou banalizar vulgarmente crimes de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra” seria sujeito a punição de um a três anos de cadeia em toda a União Européia.
Pergunte-se como uma lei louca como esta será colocada em prática, e quais serão os resultados. Pergunte-se quem decidirá se um determinado evento histórico pode ser considerado “genocídio”. Pergunte-se sobre os parâmetros utilizados para a mensuração da banalização dos crimes de guerra, num montante em que estes poderão ser caracterizados como “vulgares”.
Mas enquanto você começa a responder estas perguntas, tenha em mente o seguinte: na Turquia, atualmente é um crime afirmar que o tratamento dado aos Armênios pelos Otomanos há aproximadamente 90 anos tenha sido um genocídio. Mas na Suíça o crime é exatamente o contrário! Em 1995, um reconhecido historiador judeu, Bernard Lewis (nascido em Stoke Newington e agora professor na Universidade de Princteon), foi condenado por ter escrito um artigo na França (Jornal Le Monde), argumentando que apesar da brutal repressão contra os Armênios, não era este um genocídio pelo fato do massacre não ter sido realizado pelo governo e nem patrocinado pelo mesmo.
Conforme o historiador britânico Timothy Garton Ash (professor em Oxford), recentemente nos recordou no “The Guardian” de 16 de Outubro, de acordo com uma lei francesa de 2001, a escravidão foi cosiderada crime contra a humanidade. Se eu estiver de férias na França, e for enquadrado negando que a escravidão tenha de fato sido um crime contra a humanidade, eu corro o risco de ser sentenciado perante os tribunais franceses? E se eu escapar para a Inglaterra, os “garotos de azul” vão me prender por causa de um mandado de extradição da UE expedido pela França? Ou vamos supor que eu declare que a matança de palestinos em Deir Yassin, em 1948 não pode ser considerada um crime de guerra. Se a proposta da União Européia for implementada, eu seria preso simplesmente por exercer meu julgamento profissional de uma maneira que chateou um propagandista árabe?
O dever de um historiador é investigar, confrontar, desafiar e se necessário, corrigir a memória coletiva da sociedade. O Estado não deve ter participação neste processo, qualquer que seja. Certamente não no Reino Unido, que se considera um bastião de liberdade acadêmica.
Geoffrey Alderman
Outra manifestação judaica pró-revisionista pode ser lida aqui. É simplesmente Inacreditável!
Fonte: The Jewish Chronicle
Publicado originalmente em 09/02/2009