Em viagem pela Europa, o Grande Mufti de Jerusalém soube da oferta do governo alemão de devolver a Palestina aos árabes. Hadj Amin al-Hussem compreendeu então que aquela era uma oportunidade para libertar a Palestina dos ingleses e invasores sionistas.
Um herói da causa árabe
Dizem que a história é uma estória, porque é escrita pelos vencedores das guerras, sem que seja necessariamente verdade. Além disso, a história é escrita por aqueles que detêm o poder; mais uma razão para desconfiar de sua veracidade.
Neste artigo vamos tratar de um herói que a história oficial prefere esconder, Hadj Amin al-Hussem, o Grande Mufti de Jerusalém. A imprensa dominada pelo sionismo internacional e a estória dos vencedores das guerras procuram ocultar esse herói, porque ele representa o início da luta do povo árabe contra a ocupação israelense, isto é, a invasão da Palestina pelos judeus sionistas e a posterior criação do Estado artificial de Israel.
Hadj Amin al-Hussem é descendente do Profeta Moha-mad, através do matrimônio da filha do Profeta, Fátima, com seu primo Ali. A família al-Hussem era a mais privilegiada da Palestina, e talvez do mundo árabe, porque há mais de 200 anos a família ocupava em Jerusalém o tradicional cargo de Grande Mufti, um cargo hereditário. O Grande Mufti era um jurisconsulto islâmico, civil e religioso. As decisões dele estavam acima das decisões do Palácio da Justiça, podendo, inclusive, em determinadas circunstâncias, condenar ou afastar a autoridade máxima civil do país.
Hadj Amin al-Hussem nasceu em Jerusalém em 1897. Seu pai, Sayyd Jahir al-Hussem encaminhou-o desde cedo aos estudos, e aos 16 anos de idade ele ingressou na Universidade Árabe de Azhar, no Cairo, Egito, onde cultivou amizade com o líder dos nacionalistas egípcios Mustafa Kamil.
Quanto estourou a primeira Guerra Mundial os países árabes eram dominados pelo Império Otomano (Turquia), aliado da Alemanha. Os árabes decidiram lutar ao lado dos ingleses acreditando nas promessas daquele governo de entregar a Palestina aos árabes, após a derrota dos turcos. Essa promessa jamais foi cumprida porque o ingleses já haviam assinado o acordo de sykes-Picot com os judeus, prometendo entregar-lhes a Palestina após a guerra. Essa traição do governo britânico custou a rebelião de militares ingleses famosos como o legendário coronel Lawrence. A participação árabe foi decisiva para os ingleses derrotarem os turcos na luta pelo Canal de Suez e na ocupação de Jerusalém, em 9 de dezembro de 1917. Dias depois os árabes ocupavam Beirute.
Com o desenrolar da guerra, começam a chegar os imigrantes judeus na Palestina, protegidos pelos militares ingleses. O jovem Hadj Amin al-Hussem, o Grande Mufti de Jerusalém, começa então a organizar a resistência armada dos árabes, formando grupos de guerrilheiros para combater os ingleses e os sionistas. Participou de diversas ações militares e foi caçado pelos ingleses, tendo escapado de diversas emboscadas, fugindo para a Transjordânia com alguns de seus seguidores para organizar a luta em outras regiões árabes. Em 1920 ele participa do Congresso Nacional Pan-Arabe, onde enfrenta uma dissidência: uma parte dos congressistas defendiam a negociação com os ingleses, outra parte defendia a luta armada e o enfrentamento com os ingleses e sionistas. Hadj Amin al-Hussem decidiu a questão convencendo a todos da necessidade de iniciar uma luta sem tréguas contra os inimigos estrangeiros. O Congresso declarou solenemente a independência do Estado Árabe chamado Síria, que compreendia a Síria, o Líbano e a Palestina, nomeando como soberano o Rei Faysal. Um irmão do rei Faysal foi nomeado rei do Iraque.
De volta a Jerusalém, o Alto Comissariado Britânico decide promover uma reunião entre judeus e muçulmanos para discutir a questão da Palestina e os problemas entre imigrantes. O advogado judeu perguntou ao juiz, em inglês, se ele sabia que ele havia sido condenado a mais de 10 anos de prisão por organizar a luta armada entre os camponeses árabes. Amin al-Hussem tomou a palavra, e falando inglês, disse ao juiz:
“Fui condenado a 10 anos de cárcere. Porém há apenas 100 metros daqui, os romanos há mais de mil e novecentos anos condenaram à morte a um homem, graças às intrigas de alguns judeus. A inocência daquele homem deve ser conhecida por Vossa Excelência, senhor Juiz: era Jesus Cristo. Portanto, é uma honra para mim, se os ingleses, influenciados também por alguns judeus, me condenarem a algo menos que a morte, deixando por apenas 10 anos de cárcere.”
Os ingleses ficaram com medo da força política e do prestígio do Grande Mufti de Jerusalém, decidindo por anistiá-lo. Além disso, acharam por bem reconhecer sua eleição ao Conselho Superior Islâmico (e de Grande Mufti de Jerusalém), que deveria ocupar-se dos assuntos religiosos e da guarda dos lugares sagrados do Islã na Palestina. A maioria dos cristãos da Palestina apoiava o ancião Kazim Paschá, que foi convencido a defender junto aos britânicos a liderança de Hadj Amin al-Hussem, e assim, aos 26 anos de idade, ele foi eleito Grande Mufti de Jerusalém, com a unanimidade dos votos dos anciãos das famílias mais influentes da Palestina.
Enquanto aumentava o número de imigrantes judeus na Palestina, Hadj Amin al-Hussem percebia que a invasão da Palestina era apenas uma fase do grande projeto sionista de dominar os países árabes, influenciar as regiões petrolíferas e estratégicas. Ele se encarregou de discutir com as lideranças árabes esse fato, viajando por diversas regiões. Esse trabalho conseguiu convencer a maioria dos líderes árabes da necessidade de resistir ao sionismo internacional, cuja agressão não se limitaria à pequena Palestina. Em 1925 ele conseguiu um acordo com os ingleses para limitar o número de imigrantes judeus no país, reduzindo a imigração descontrolada para 9.000 pessoas por ano. Nos Congressos árabes que se seguiram em Haifa (1921) e depois em Jerusalém, ele manteve a decisão de lutar contra os ingleses e o sionismo.
Em 1923 o Grande Mufti decide que o V Congresso árabe deveria boicotar as eleições promovidas pelos ingleses em territórios árabes, que previa eleger uma autoridade árabe e uma judia para cargos administrativos e da justiça na Palestina. Em 1924, o VI Congresso decide programar novas medidas para acabar com a imigração de judeus. Em 20 de junho de 1928 o VII Congresso Árabe decide – por influência do Grande Mufti – organizar um governo árabe para a Palestina; com a participação de cristãos e muçulmanos. Na época, apesar da forte imigração de judeus vindos da Rússia, havia 172.000 judeus e 780.000 árabes na Palestina. Apesar disso, os ingleses decidiram apoiar os sionistas em todas as suas reivindicações.
Começaram então os confrontos armados entre árabes, judeus e ingleses, resultando em muitos mortos. Os árabes criaram então o “Comitê Árabe de Defesa” para enfrentar os sionistas que recebiam muito dinheiro e armamento do sistema financeiro internacional. As guerrilhas passaram a se transformar em combates e o Grande Mufti decidiu refugiar-se no santuário de Aksa, uma mesquita importante que os ingleses não ousavam invadir. De dentro da mesquita o Grande Mufti organizava as guerrilhas e os combates contra os invasores. A partir de então os muçulmanos se deram conta da traição inglesa, e passaram a combater os ingleses em diversas partes do mundo, como na índia, Egito, Iraque e Arábia Saudita. Por este motivo os ingleses decidem invadir a mesquita e prender o Grande Mufti que, avisado com antecedência, consegue fugir para Síria. A Inglaterra coloca a cabeça do Grande Mufti a prêmio: 100.000 libras esterlinas para quem matá-lo. Mas nada conseguem, e mais uma vez ele foge para o Iraque, onde é recebido pelo povo nas ruas. Os ingleses decidem invadir Bagdá, acusando o governo de EI-Gailani de não apoiar a luta dos países contra o Reich. Em abril de 1941, os ingleses desembarcam tropas em Bassorah e Bagda, mas enfrentam a resistência de centenas e milhares de árabes vindos da Síria, Transjordânia e Palestina, liderados pelo Grande Mufti de Jerusalém, Hadj Amin al-Hussem
Em viajem pela Europa o Grande Mufti de Jerusalém soube da oferta do governo alemão de devolver a Palestina aos árabes. Hadj Amin al-Hussem compreendeu então que aquela era uma oportunidade para libertar a Palestina dos ingleses e invasores sionistas, e assim viajou para Berlim onde assinaria um acordo com os alemães para combater os aliados nos países árabes.
O Grande Mufti encontra Adolf Hitler na capital do Reich
O governo alemão criou então um programa de rádio em árabe que seria transmitido a todos os países árabes, tendo como principal locutor o Grande Mufti de Jerusalém. Ele começou exortando os árabes a apoiarem o Marechal Rommel em suas lutas no norte da África, no Egito, Líbia e Túnis. Esse chamado foi decisivo para virar o curso da guerra. Com o apoio dos muçulmanos, os alemães avançavam e venciam em todas as frentes de lutas.
Palestinos e alemães unidos contra o Sionismo
No dia de “Idul-Adha”, importante festa muçulmana, o Grande Mufti pronunciou um discurso lembrando que a luta contra os judeus sionistas vinha desde a fundação do Islamismo:
“entre os inimigos do lslã e dos árabes está, em primeiro lugar o judeu sionista. Ele foi odiado pelos fundadores da religião islâmica. Os judeus sionistas querem dominar o mundo, querem obrigar os árabes a lutar entre eles, querem expulsar e exterminar a população árabe da Palestina, da Terra Santa e também o Islã”
Esse discurso causou forte impressão no mundo árabe, a ponto de milhares e milhares de muçulmanos se alistarem como voluntários no Exército alemão, nos países árabes, Índia, Albânia e Bósnia-Herzegowina. Hadj Amin al-Hussem declara também como inimigo mortal do Islã, o comunismo.
O grande Mufti passa em revista divisão SS “Handzar” – Iugoslávia, 1944
Com o final da guerra e a caça aos aliados do Reich, Hadj Amin al-Hussem consegue fugir para Roma e depois para o Líbano.
Em 29 de novembro de 1947, a Assembleia Geral das Nações Unidas decide repartir a Palestina entre árabes e judeus, cabendo aos segundos as melhores terras. No ano seguinte estoura uma guerra sangrenta entre árabes e judeus, e desde então os israelenses elegem o terrorismo como política de estado para aniquilar os árabes, promovendo centenas de massacres e assassinatos em massa que ficaram nas piores páginas da história, disfarçados pela Grande Imprensa Internacional monopolizada pelo sionismo.
O Holocausto palestino parece ser objetivo nr. 1 da existência do Estado de Israel – NR.
Hadj Amin al-Hussein morreu em Beirute em 1974. Seu enterro reuniu lideranças e governantes árabes de diversos países, mas foi nas ruas que o povo manifestou seu apreço e respeito pelo grande herói árabe, lotando as ruas e praças.
Fernando Marques – Professor de História.
Publicado no Jornal “Àgua Verde”
Publicado originalmente em 07/07/2008
Esta é a função de um verdadeiro historiador: expor tudo o que pesquisou, analisou, filtrou, conferiu, certificou-se, reconferiu e concluiu, sem receios das reações ou de ferir suscetibilidades.
Como diria um saudoso locutor de futebol: “O que é, é, não é?”
Aplausos ao professor Fernando Marques!
Maravilha de artigo,bastante esclarecedor.
Muitos esquerdistas,querem ocultar essa aliança,inclusive espalhando que o regime SIONISTA,é um regime “nazi-sionista”.
Otimo trabalho! Salve!
Ótimo texto a ser enviado aos nossos amigos árabes!
Eu sempre mantive um excelente relacionamento com a comunidade árabe em MG, tive a oportunidade de conhecer por meio de um grande amigo árabe a FEARAB. Esse amigo me presenteou com vários livros, entre esses as obras do grande Gustavo Barroso.
Artigo claro e exato. Só posso parabenizar!
muita hora nessa calma…
aplausos aos então iminentes chefes de estado (Hitler e Mufti) por uma aliança pacífica e proveitosa, porém olhem pra Alemanha hj….infestada pela imigração massiva de muçulmanos e os horrores que isto tem acarretado (estupros, criminalidade em geral…).
Mas isso é a diferença entre um governo REAL e uma COLONIA SIONISTA OCUPADA,a imigraçao desenfreada adicionado ao nao interesse ARIANO em produzir descendentes,resulta nesta lastima a qual vc se refere.
a imigração desenfreada é resultado da ideologia sionista posta em prática na Alemanha e no mundo.
A nossa luta é pela libertação do mundo das garras do sionismo.