Obama se curva diante de seus senhores
Após um mês de governo “Change”, a política externa da Casa Branca permanece inalterada. Após os ataques norte-americanos no Paquistão e o aumento de soldados no Afeganistão, Obama mantém os EUA na rota traçada sobre o grande tabuleiro de xadrez de Brzezinski.
As pessoas não querem enxergar o óbvio
É difícil de imaginar o controle dos lobbies sionistas sobre a política externa dos Estados Unidos. O recente massacre conduzido por Israel em Gaza é um exemplo atual disso. Trata-se de um relacionamento de influência, manipulação e intimidação, em que até mesmo os interesses do povo estadunidense são colocados em segundo plano.
Protestos pelo mundo afora reivindicavam que os líderes israelenses fossem julgados por crimes de guerra; outras nações cortaram relações diplomáticas com Israel; e o “homem da mudança” nada fez. Pior que isso, ele permaneceu calado. Obama não fez menção alguma sobre os crimes conduzidos por Israel, confirmados por todos, inclusive pela ONU. Mas que tipo de poder tem Israel para silenciar o presidente dos Estados Unidos?
A resposta para isso é simples: são os lobbies sionistas nos Estados Unidos. Entre eles, o principal é o Aipac, fundado originalmente com o nome de “Comitê EUA-Sionista de Assuntos Públicos”, e considerado como o lobby de política estrangeiro mais poderoso nos Estados Unidos. Os 60 mil membros distribuem milhões de dólares a inúmeros integrantes do Congresso, sejam eles republicanos ou democratas. Também investem em uma rede de cidadãos influentes em todo o país, os quais podem mobilizar regularmente para apoiar o objetivo principal da organização – assegurar que não haja separação entre as políticas de Israel e dos Estados Unidos. Foi perante os membros da Aipac que, em 4 de junho de 2008, o Obama candidato se transformou no Obama presidente, afirmando que “qualquer acordo com o povo palestino deve preservar a identidade de Israel como Estado judeu”.
Considerando isso, é fácil entender o discurso do primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, em 12 de janeiro de 2009, antes do cessar-fogo em Gaza:
“Na noite entre quinta e sexta-feira, a secretária de Estado (Condoleezza Rice) queria votar a favor do cessar-fogo no Conselho de Segurança da ONU. Eu liguei para o presidente Bush, e disse que os Estados Unidos não poderiam votar a favor. Ela (Rice) ficou envergonhada. Uma resolução que ela havia pensado e preparado, e no fim ela votou contra”.
Olmert contou a história se gabando de que, com um telefonema, ele havia conseguido contrariar completamente a política externa dos Estados Unidos em um caso de importância mundial.
É possível aprender uma lição valiosa com essa história. Dentro dos Estados Unidos, existe um complexo aparato político que opera há muitos anos. Trata-se de um esquema que vai além da sociedade civil, além de cidadãos independentes ou de uniões e grupos civis. Em alguns casos, como em Gaza, o sistema é mais forte do que o próprio “homem da mudança”. Se alguém realmente acredita em mudança na política externa dos Estados Unidos, esse mecanismo violento e vicioso deve ser desmantelado.
Fonte: Informativo Oriente Médio Vivo, edição 129, de 16 de fevereiro de 2009.