Território extirpado do Império Austro-húngaro
e que originou um país artificial
Beneš não dá trégua. Em 1944 perante a Câmara em Londres declara: “a revolta deverá ser violenta, um poderoso acerto de contas com os alemães… deverá ser uma luta sangrenta e sem clemência”. Na BBC no mesmo ano: “em nosso país o fim da guerra será sangrento”.
O massacre da população civil dos Sudetos confirma em gênero, número e grau as intenções deste criminoso de guerra – NR.
Edvard Beneš assumiu em 1935 a presidência da Tchecoslováquia e acabou sendo um dos mais odientos e abomináveis criminosos da Segunda Guerra, responsável direto por uma limpeza étnica, das mais cruéis da história. Mas antes de falar de Beneš precisamos abordar a questão da Tchecoslováquia, considerada por muitos como um dos motivos desencadeadores da Segunda Guerra.
Vemos aí um mapa da situação como ela ficou depois do Tratado de Saint Germain de 10/9/1019. O que vemos como sendo a Tchecoslováquia antes era uma região que fazia parte do Império Austro-Húngaro. Era habitada por tchecos (42%), alemães (23%), eslovacos (22%), magiares (5%), judeus (4%) e outros (4%). As diferentes tonalidades de verde demonstram as áreas de população prioritariamente alemã, tcheca e eslovaca.
Já durante a Primeira Guerra 1914-1918 os tchecos haviam demonstrado tendências separatistas, constituindo até contingentes que lutaram ao lado da Rússia. Com o fim daquela guerra e da dupla monarquia eles ocuparam militarmente toda a região alemã e expulsaram o recém formado governo da Boêmia Alemã. Assim, portanto, criou-se 20 anos antes da Segunda Guerra uma nação que até então não existira. Tudo ratificado pela Entente aliada.
Quando Edvard Beneš assumiu a presidência do país em 1935 já se manifestava o sucesso popular do novo governo nacionalsocialista alemão, com influências políticas não só na própria Áustria, como também nas áreas por esta perdidas poucos anos antes. Beneš proibiu o partido nacionalsocialista que já se formara na Tchecoslováquia que, entretanto, se transformou no Partido dos Alemães Sudetos e em pouco tempo passou a ser majoritário. Isto obviamente provocou crises políticas no país, que acabaram resultando na reunião em Munique de Chamberlain, Daladier, Mussolini e Hitler, representando Grã-Bretanha, França, Itália e Alemanha respectivamente. Ali, em 29/12/1938, firmou-se o acordo, conhecido como Acordo de Munique, através do qual, respeitando a prometida autodeterminação dos povos, as áreas de população alemã foram incorporadas à Alemanha. Com isto Beneš se demitiu e foi para Londres, onde constituiu um governo paralelo. Três meses depois a Eslováquia (verde claro no mapa) se declara independente e a região tcheca restante através do seu governo provisório pede a Hitler que assuma o Protetorado da mesma.
Muitos alegam que a “invasão” da Tchecoslováquia revelou ao mundo as supostas intenções imperialistas de Hitler. Isso não passa de uma simplificação adequada à propaganda de guerra aliada. Quem estuda minuciosamente o desenrolar deste episódio, percebe claramente a delicada situação em que se encontrava o substituto de Beneš, após a formação do governo eslovaco por Tiso, a 24 de fevereiro de 1939. O caldeirão de pólvora desta construção artificial chamada Tchecoslováquia, levou Hácha a pedir intermediação do governo do Reich alemão. Hoje em dia, em tal situação, teríamos provavelmente a constituição de uma missão da ONU. Mas naquela época, ao contrário do derramamento de sangue que pudemos ver na Bósnia, Afeganistão, Haiti etc, a intervenção alemã não provocou derramamento de sangue e solucionou o problema de forma pacífica. Os capacetes azuis da ONU ficariam impressionados – NR.
Beneš não dá trégua. Em 1944 perante a Câmara em Londres declara: “a revolta deverá ser violenta, um poderoso acerto de contas com os alemães… deverá ser uma luta sangrenta e sem clemência”. Na BBC no mesmo ano: “em nosso país o fim da guerra será sangrento”. Em maio de 1945 volta a Praga como presidente e DECRETA entre outros:
– Confisco de bens na agricultura.
– Congelamento dos bens financeiros dos alemães, inclusive poupanças e contas correntes.
– Liquidação da Universidade Alemã de Praga (fundada em 1348).
– Liquidação da Igreja Evangélica com confisco dos seus bens.
Em 3/6/1945 proclama em discurso em Tabor:
“arranquem os alemães de suas casas, arrumem lugar para nossa gente – deveríamos ter feito isto em 1918”.
Beneš foi o responsável pela expulsão de mais de três milhões de alemães de seus lares e de suas terras colonizadas há centenas de anos pelos seus antepassados. Cerca de 250.000 foram assassinados, às vezes a pauladas. O mais tristemente famoso dos seus decretos foi o de nr.115 de 8/5/1946, que declara legais e impuníveis todos os bárbaros crimes praticados em relação e por conta da limpeza étnica, da expulsão dos alemães. Os decretos de Beneš continuam em vigor até hoje. Ninguém foi indenizado e ninguém conseguiu retomar suas posses. Mas o Estado tchecoslovaco ganhou muito dinheiro com isto. Apenas o valor das posses agrícolas confiscadas foi estimado em 100 bilhões de coroas tchecas. Para comparar: o orçamento anual do país de 1934 foi de 7,6 bilhões de ckr.
A Eslováquia, então independente, aliou-se ao Eixo em 1940, voltou a fazer parte da Tchecoslováquia em 1945 e novamente se separou da hoje República Tcheca em 1.de janeiro de 1993.
Foi preciso várias décadas para alcançar o que os alemães já tinham conseguido em 1939, sem derramamento de sangue. A diferença entre os povos deve ser respeitada; é uma violência contra o espírito destes tais países artificiais – NR.
Os tchecos permaneceram neutros sob o protetorado alemão com exceção dos 5.000 voluntários que se alistaram na SS. Como é que Edvard Beneš conseguiu mobilizar tanto ódio?
Norberto Toedter
26/10/2009
Artigo publicado em nosso site originalmente a 27/10/2009.