Principalmente em 1939, oprimindo e perseguindo a minoria alemã nos territórios surrupiados pelo Tratado de Versailles, os poloneses colocaram o governo nacionalista de Berlim numa posição insustentável. Esse roteiro se repete frequentemente, vimos isso mais recentemente na Ucrânia. Vamos relembrar agora como foi no Cáucaso, em 2008: a Rússia deveria ter sido impelida naquela época à guerra! A agressão veio claramente da Geórgia, um aliado dos EUA.
Em 1939, a Polônia foi a bucha de canhão, hoje a Geórgia
Durante o governo de Eduard Shevardnadze, antigo Ministro de Assuntos Exteriores da União Soviética, as relações com Moscou foram marcadas pela estratégia de preenchimento do vácuo de poder provocado pelo desmoronamento da URSS. Se por um lado tínhamos regiões separatistas da Abecássia e Ossétia do Sul sob influência de Moscou, por outro lado a Geórgia tentava manter sua unidade nacional apoiada pelo “ocidente”.
Um conhecido plutocrata que apoiou a Revolução dos Rosas com mais de três milhões de dólares foi George Soros. Especulador das Altas Finanças, Soros encontrou em Mikheil Saakashvili à frente do “Movimento Unidade Nacional”, a pessoa perfeita para representar o “ocidente” nesta importante região do Cáucaso.
Educado na Universidade de Nova York, Saakashvili trabalhou em escritório de advocacia desta cidade e estrategicamente, se especializou na proteção dos Direitos Humanos. Saakashvili está perfeitamente integrado com os objetivos e valores morais da elite nova-iorquina.
O que está em jogo
A Geórgia situa-se numa região estratégica, pois ali se localizam os oleodutos que levam petróleo e gás do Mar Cáspio para o Mar Negro.
3 oléodutos passam pela Geórgia; 1 pela Rússia
A preferência de Shevardnadze por empresas russas no transporte deste petróleo foi o estopim para a reversão deste quadro por parte do “ocidente”. Até Israel tem seu interesse em ajudar a Geórgia e não esconde mais o jogo, conforme relatado aqui. E ainda forneceu treinamento para o exército georgiano, para orgulho do ministro judeu da Geórgia, Temur Yakobshvili, conforme este relatou a Army Radio em hebraico(!): “Israel should be proud of its military which trained Georgian soldiers”.
Caixa de Pandora
O envolvimento de diversos grupos de interesse na região poderá levar a uma imprevisível escalada do conflito. Como é notória a intenção de Saakashvili em trazer a Geórgia para a OTAN, a Rússia irá sempre tratar esta questão com muita sensibilidade. Contra isso, ela vem se preparando há tempo, como mostra este vídeo.
A provocação dos russos por parte deste “ocidente” atingiu seu ápice nestes últimos dias com bombardeamento da capital da Ossétia do Sul e o transpasse da linha divisória desta região por parte de tropas da Geórgia. Esta fronteira era respeitada por ambos os povos desde 1992. Motivo desta agressão neste momento poderia ter sido a condição de entrada da Geórgia na OTAN: resolver seus conflitos internos que estavam “congelados”, ou seja, mostrar sua soberania na Abecássia e Ossétia do Sul, e seguindo também compromisso de campanha política de Saakashvili em reunificar os potenciais separatistas.
Conforme anunciou a agência Ria Novosti, durante o ataque a Zchinwali foram encontrados diversos soldados estrangeiros entre os agressores. Segundo o presidente da Ossétia do Sul, Eduard Kokoity, “após as lutas nós descobrimos que havia várias pessoas do Báltico e da Ucrânia entre os agressores”. Ele ainda afirmou que “segundo as informações, foram encontrados soldados mortos perto da escola n° 12 que pareciam africanos, ou seja, tinham a pele negra”.
Quando então a impressa do “ocidente” clama para que a Rússia respeite a soberania dos povos, como também fez Condolezza Rice, será que existiram também tais clamores durante as invasões do Afeganistão e do Iraque? Neste artigo, lemos o ápice da hipocrisia do governo norte-americano ao afirmar que “a violência era inaceitável” e que a Rússia teria dado uma resposta “desproporcional”. Que o digam os afegãos…
Geórgia polonesa
Ainda em agosto de 1939, Sir Nevile Henderson implorou para que a Polônia não negociasse com os alemães, pois eles tinham a Inglaterra a seu lado.
Oprimindo e perseguindo a minoria alemã nos territórios surrupiados pelo Tratado de Versailles, os poloneses colocaram o governo nacionalista de Berlim numa posição insustentável.
Os ingleses conseguiram exatamente aquilo que queriam: a guerra foi deflagrada contra a Alemanha e os alemães caíram na armadilha estampados como agressores.
Esse roteiro parece se repetir hoje no Cáucaso: a Rússia deve ser impelida à guerra! A agressão vem claramente da Geórgia, um aliado dos EUA. Mas a imprensa intenacional insiste em afirmar que a Rússia é a vilã!
Em 1939, a Polônia foi bucha de canhão, hoje temos a terra de São Jorge.