Este artigo sobre o Nacional-Socialismo foi extraído do livro “A revolução de Hitler”, de Richard Tedor. A versão em inglês está disponível na internet, por exemplo na Amazon ou no Archive.org.
O Socialismo
Entre o Socialismo de Hitler e aquele dos marxistas existe uma profunda diferença. Segunda a revista Die SA, o objetivo de um Estado socialista “não é para a maior possível felicidade de um indivíduo ou de um determinado partido, mas sim a felicidade da totalidade de seu povo.” [62]
O Socialismo marxista era de uma natureza puramente materialista e “era hostil à propriedade privada”. [63] Marx considerava o Socialismo como um movimento internacional que unia os trabalhadores tratados em seu próprio país como excluídos da sociedade. Por isso ele considerava o Nacionalismo, o qual prezava pelos interesses e independência das respectivas nações, como incompatível com os ideais socialistas. A revista Die SA, para a qual o “socialismo” era um sinônimo de “bem estar social do povo”, partia disso como:
“O Socialismo marxista dividia as pessoas e enterrava com isso todas condições necessárias para se atingir verdadeiros objetivos sociais.” [64]
Hitler via o Nacionalismo como uma força patriótica que movia as pessoas a colocar o bem estar de seu país à frente da realização de seus objetivos pessoais. Para ele, o Socialismo era um sistema político, social e econômico, que exigia colocar o bem comum acima de interesses próprios. Em 1927, ele formulou o seguinte:
“Ambos são uma coisa só, Socialismo e Nacionalismo. Eles são os maiores batalhadores em prol do próprio povo, os maiores batalhadores na luta pela sua existência sobre a Terra e, com isso, não mais gritos de guerra entre si, mas sim o clamor para a formação de sua vida segundo esse lema.” [65]
Die SA resumiu assim:
“Enquanto o Marxismo partia da diferença entre ‘proprietário e não-proprietário’ e exige a eliminação do primeiro para que todas as propriedades sejam consideradas públicas, o Nacional-Socialismo coloca em primeiro plano o princípio fundamental da Comunidade do Povo… O bem estar de um povo não é conquistado pela aparente distribuição igualitária de toda sua riqueza, mas sim pelo reconhecimento prático de que o bem comum antecede o interesse particular.” [66]
Aqui vale a pena lembrar que o regime do primeiro Estado marxista da história, a União Soviética, foi muito mais dura com aquela parcela da população que não pertencia ao proletariado, do que o sistema capitalista durante a Revolução Industrial junto à oprimida classe trabalhadora. Um membro de destaque do partido soviético, Martyn Latsis, determinou a seguinte prática para avaliação de dissidentes:
Não procure por provas, se ele se levantou através de armas ou palavras contra o regime soviético. Em primeiro lugar deve-se perguntar a qual classe trabalhadora ele pertence, qual é sua proveniência, qual sua formação e qual é sua profissão. Essas perguntas devem servir como baliza para o destino do acusado.”
Segundo o historiador russo, Dmitri Wolkogonow, o expurgo soviético atingiu “os mais capazes, aplicados, econômicos e mais criativos membros da sociedade. “A impiedosa fome imposta sistematicamente, assim como as prisões, deportações e execuções em massa dizimaram a população russa tão drasticamente no Estado da utopia marxista, que levou o ditador Josef Stalin a não divulgar o censo populacional de 1937. Segundo o Schulungsbrief:
“O extermínio em sentido de toda intelligentsia e habilidade, a substituição de qualquer expoente de personalidade pela apática massificação destruiu e eliminou todos dispositivos criativos [da Rússia].”
Hitler entendia que a política econômica marxista era incompatível com o verdadeiro Socialismo, assim como o conceito da luta de classes. Marx pregava a estatização de todos os meios de produção assim como de toda propriedade privada. Através do controle estatal, segundo sua receita, deveria ser garantida uma igualitária distribuição de bens e alimentos, e a população deveria ser protegida da exploração capitalista. Por sua vez, Hitler era a favor da propriedade privada e da liberdade empresarial. Ele estava convencido de que a concorrência assim como as possibilidades para o desenvolvimento pessoal eram propulsores da iniciativa individual. Desta forma ele se pronunciou em 1934:
“Por uma lado deve-se garantir para o livre desenvolvimento das forças a mais ampla e possível liberdade de ação, porém, por outro lado, que esse livre desenvolvimento das forças deve estar contido dentro das necessidades da comunidade, a qual denominamos Povo e Comunidade do Povo. Somente através deste caminho podemos atingir aquilo que devemos atingir, ou seja, a mais alta produtividade humana.”
O Schulungsbrief encontrou palavras contundentes para a absurda exigência de distribuição igualitária de todos bens do Povo e o mesmo salário para todos, levantados por Marx. Tais medidas, considerava o jornal, iriam paralisar a iniciativa pessoal:
“Os mais produtivos não teriam qualquer interesse em desenvolver por completo seu potencial, caso ele veja que o preguiçoso recebe o mesmo que ele… Toda iniciativa pessoal e predisposição em assumir responsabilidades devem morrer sob este sistema.”
Já há muitos anos antes de chegar ao poder, Hitler teve que lidar com aquelas correntes dentro de seu próprio movimento, que cortejavam o socialismo marxista. Em novembro de 1925, líderes partidários de Hannover cogitavam a ideia de parcelar grandes propriedade e distribuir as parcelas entre os trabalhadores rurais. O Estado, assim exigiam eles, deveria forçar cada trabalhador do campo a ingressar em uma cooperativa. A livre venda de produtos alimentícios deveria ser proibido. “Indústrias fundamentais” como usinas de energia, bancos e indústrias de armamentos deveriam ter 51% de suas ações como “propriedade da nação”, ou seja, submetidas ao controle estatal. Segundo o mesmo programa, o governo deveria ter 49% de participação em outras grandes empresas. Em maio de 1930, Hitler se encontrou com o notório nacional-socialista berlinense, Otto Strasser, que defendia um programa parecido. Hitler disse a ele que sua ideia era “puro marxismo” e levaria à ruína toda a economia. Em julho do mesmo ano, ele expulsou Strasser do partido, o que ilustrou mais uma vez sua aversão ao socialismo marxista. Para Hitler, a possibilidade de se atingir o bem estar era o motor da iniciativa pessoal criativa. Quem oferecia a chance a uma pessoa talentosa para desenvolver todo seu potencial, contribuía desta forma ao desenvolvimento da sociedade, a qual ela pertencia e servia.