“Sou escultor do corpo humano, em sua perfeita harmonia com a tríade do corpo, espírito e alma” – assim é o credo de Breker. Este homem, que é tão velho quanto novo nesse século, nunca deixou de glorificar a imagem do homem. E assim suas virtudes de lealdade, honra, perseverança e fé asseguraram a Breker, entre tantos outros escultores do século 20, o título de um verdadeiro “guardião da imagem do homem”.
Arno Breker, o escultor oficial do III Reich
Constantemente meus pensamentos voam para uma tarde memorável, quando me encontrei pela primeira vez com Arno Breker. O longo vôo que cruzava o Atlântico, vindo da América de volta para Europa, a terra dos meus antepassados, me levou à morada de Breker, próxima do aeroporto de Düsseldorf. E enquanto dirigíamos pela Autobahn que dava de encontro com sua casa, seu Prometeu, Deus que deu o fogo divino e a cultura para a humanidade, nos saúda com sua tocha flamejante. Como o antigo personagem mitológico, Breker nos trouxe fogo e luz, e então teve de aceitar a mesma condição de sofrimento vivida por Prometeu. Consiste em um milagre perceber que um mundo tão difícil, repleto de guerras, revoluções e catástrofes das mais diversas, falhou em desencorajar o gênio de Breker e sua crença na divindade da humanidade, bem como em seu futuro.
Os eventos corriam ao nosso encontro através de minha mente, na medida em que chegávamos à casa do mestre em silêncio. Há não muito, o Presidente americano Ronald Reagan havia comemorado, em 1983, o aniversário de 300 anos da imigração alemã para a América, e isto resultou na criação da Sociedade Internacional Arno Breker, nos Estados Unidos, na qual fui o primeiro Presidente. O objetivo principal dessa sociedade cultural, que foi criada em cooperação com artistas como Dali, Peyrefitte, Fuchs, Mourlot, e muitos outros, foi a de fomentar a cooperação entre Europa e América, entre Alemanha e Estados Unidos, nos campos da arte e ciência, por amizade, respeito mútuo e um melhor entendimento. Nesta ocasião, um portfólio, “Salute America”, foi publicado com textos de Ronald Reagan, Helmut Kohl, George Bush e Karl Carstens, junto de muitas litografias criadas por Arno Breker, como um gesto de continuar os ideais de amizade, liberdade e justiça.
Detalhe de “Prometeu”
“Eu temia que não pudesse encontrá-lo”, foram as primeiras palavras do frágil artista, que estava se recuperando após um recente implante de ponte de safena, na hora em que me abraçava. Suas boas vindas calorosas e sinceras, bem como a hospitalidade de sua esposa, Charlotte, fizeram com que desaparecesse minha ansiedade inicial. Ele estava tocado e emocionado com os presentes que eu lhe havia trazido de seus amigos da América – alguns do solo americano e um chapéu de guerra de um chefe indígena, que foi feito especialmente para ele por um Sioux Indígena cheio de sangue. Conversamos então sobre sua arte e vida, sobre seus ideais e planos para o futuro. Ele lembrou de seus amigos artistas e seus modelos. Muitos dos seus bustos estavam à nossa volta, enquanto conversávamos no seu atelier.
Arno Breker contempla a escultura de Salvador Dalí, o qual, segundo León Degrelle, teria sido expulso do Partido Comunista espanhol ao ter admitido sua admiração por Hitler
Ali estavam Konrad Adenauer, Ludwig Erhard, Salvador Dali, Gerhard Hauptmann, Ezra Pound, Ernst Jünger e Roger Peyrefitte, assim como Alexandre o Grande e Richard Wagner. Durante sua vivência, Breker encontrou tanto pessoas conhecidas como desconhecidas, cuja natureza e comportamentos fascinavam-no, para quem ele confessou ser melhor ser imortalizado em bronze. Respondendo a minha pergunta sobre o que tais pessoas tinham em comum, Breker afirmou: “Minha experiência em criar retratos foi em grande parte confirmado por diversas vezes que a grandeza real humana e seu renome estão de mãos dadas com a habilidade, humildade, preparo para servir, modéstia, preparo para o sacrifício, diligência e fé no futuro”.
No curso daquela tarde, fui convidado para me dirigir ao atelier do mestre. E ali estava sua última obra de arte: “A decathele”, Jürgen Hingsen, o qual eu havia distintamente lembrado na medida em que ele corria na vitória no estádio de Los Angeles, levantando uma bandeira alemã, depois de ganhar a medalha de bronze no decatlon, durante os jogos olímpicos. A maravilhosa escultura desse Hércules Alemão é verdadeiramente inesquecível: captura um momento em que imediatamente se segue seu grito de vitória, o atleta veloz eleva suas mãos em direção aos céus e abre seus braços em uma pose de gratidão e felicidade. Sem humildade, ele eleva sua cabeça e olha adiante, seu poderoso corpo é aberto e expressivo. A beleza do corpo humano, que Breker foi abençoado com o talento em retratar com perfeição, não origina a imaginação do artista. Modelos reais são sempre usados para importantes obras de Breker, modelos que ele próprio escolhe. E para Breker, os atletas são os melhores modelos para a escultura.
Breker recebeu de braços abertos a inúmeros artistas estrangeiros em seu atelier, como no caso dos artistas franceses retratados acima
Isso se faz verdade uma vez mais com sua escultura mais recente, “O salteador”, para a qual a “moça dourada”, Ulrike Meyfarth, pousou. Meyfarth conseguiu o incrível fato de ter vencido as medalhas de ouro do salto em altura por duas vezes, em 12 anos. Em direto contraste com o gesto de vitória de decathele, essa escultura mostra a atleta imediatamente diante da competição. A altura, slender figura virtualmente personifica graça e auto-confiança. Todos estes elementos estão combinados. Com o seu braço direito elevado em um gesto de gratidão aos observadores, a boca slighty aberta, e as pernas posicionadas como se estivesse prestes a correr e saltar, e então sente o quieto, a auto-confiança de um atleta que, completamente distante do stress de competição, está totalmente sob controle de mente e corpo, e, portanto, invencível.
E assim, com cada uma de suas novas criações, Arno Breker continua a falar conosco silenciosamente, sem palavras. Ainda que sua linguagem se choque profundamente com a alma e a acorda para o reconhecimento de uma harmonia infinita. Diante de seus modelos, homens ou mulheres, Breker transcende para encontrar sua imagem na realidade da interpretação espiritual. Ao retratar o que é visível, ele captura a essência do que é real e eterno e que herda os valores do Grande Homem. Nunca contentado em limitar seu trabalho à reprodução somente do que os olhos físicos contemplam, Breker infusa em suas criações algo dos princípios eternos através do que o homem aspira.
“Sou escultor do corpo humano, em sua perfeita harmonia com a tríade do corpo, espírito e alma” – assim é o credo de Breker. Este homem, que é tão velho quanto novo nesse século, nunca deixou de glorificar a imagem do homem. E assim suas virtudes de lealdade, honra, perseverança e fé asseguraram a Breker, entre tantos outros escultores do século 20, o título de um verdadeiro “guardião da imagem do homem”.
Breker, o Michelangelo do III Reich, guardião da imagem do homem
Como Breker vê os americanos e a obra da sociedade que carrega o seu nome na América? Esta mensagem é a sua mensagem para o povo americano, em especial para as novas gerações, que ele entende como um grande tesouro e um futuro: “O povo americano é a continuação do desenvolvimento europeu. E nós, na Europa, somos irmãos de vocês. Uma vasta maioria de americanos ainda têm nos dias de hoje suas raízes nos países da Europa. E eu espero que no novo século vindouro chegue uma nova dimensão do pensamento irá chegar, o que é dizer, somos todos criaturas dessa terra. Isto, no entanto, não irá inibir o desenvolvimento das características nacionais e talentos e individualidades de diferentes raças. A Sociedade Internacional Arno Breker deve ter a função de estabelecer uma ponte entre Europa e América. A questão da nacionalidade não se eleva mais como nos velhos dias. Melhor, existe uma singularidade de espírito, uma comunidade em propor os mesmos ideais e metas”.
E ainda que estejamos separados novamente por milhares quando seu aniversário ocorre em 19 de Julho, estamos consigo em espírito. Esta data me inclina para estar junto de si, de seu circulo de amigos, honrando-o como um grande artista, um grande alemão, e desejando-lhe, de todo meu coração, muitos anos vindouros.
B. John Zavrel
Presidente da Sociedade Internacional Arno Breker
Fonte: Arno Breker: Divine Beauty in Art
Artigo publicado pela primeira vez em nosso Portal a 09/09/2011.